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Mais empatia na pandemia: atitude real ou apenas mais discurso?

por Cristina Pizarro
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Empatia na pandemia: atitude ou mais discurso?

Seria bom ver mais empatia na pandemia, mas de verdade. Na prática. Você concorda?

Expressões antes estranhas viraram usuais nos últimos meses. Fala-se em “novo normal”, lockdown, quarentena, hospital de campanha e nomes de medicamentos todos os dias. Alguns acreditam que a humanidade despertará muito mais altruísta, valorizando as pequenas vitórias, sentindo gratidão pela liberdade e enxergando o melhor que há em tudo. Empatia na pandemia, sabe?

A solidariedade realmente é vista, tanto em pequenos atos quanto em grandes doações. Mas, no dia a dia, também vejo estampado o velho ditado “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Ou seja: se está ruim, todo mundo corre para conseguir o melhor lugar, as maiores vantagens, mais conforto.

Egoísmo, agressividade e irritação estão no ar há meses. Os especialistas explicam e justificam que, com medo da morte, da solidão e da escassez, nós, humanos, ficamos vulneráveis e reagimos assim. Acredito que esse período serviu para acentuar o que cada um de nós já tinha dentro de si. Tínhamos empatia?

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Vou usar um exemplo do meu cotidiano: o serviço dos Correios. Memes sobre os atrasos nas entregas não são novidade. Comprar um produto e ficar aguardando mais tempo do que o esperado é chato, frustrante, e sou solidária.

Acredito que os Correios deveriam e têm capacidade para ser muito melhores do que são, atualmente. Devemos, como cidadãos, exigir que algo seja feito. Acontece que sofreram muito, foram sucateados e agora se viram em meio à essa pandemia com diminuição drástica do quadro de funcionários e aumento da demanda por entregas. O que já era capenga, ficou ainda pior.

Eu trabalho diariamente com os Correios e vejo as pessoas envolvidas na operação. Ao menos na agência franqueada onde sou atendida, todos são solícitos ao extremo, e sou grata de verdade por possibilitarem que eu continue tendo renda em meio ao caos. É um exercício de empatia, entende?

A maioria dos clientes entende e espera com paciência até que o carteiro chegue. Ele tarda, mas quase nunca falha. Alguns, porém, agem com agressividade extrema. Ameaçam processar, querem respostas imediatas, não aceitam sequer serem reembolsados do valor total.

Convenhamos, estas não são atitudes condizentes com o tal “novo normal”, ou com o despertar pós pandemia cheio de calma, empatia, luz e paz interior tão falado por aí. Tem mais a ver com pressa, egocentrismo e raiva.

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O Correio e todos os outros serviços são feitos de gente. Gente atingida em cheio pela nova realidade. Se o seu João lá da logística morre ou adoece, fica em casa por 14 dias ou é de algum grupo de risco, não surge outro igualzinho a ele do solo, já treinado e apto a realizar o trabalho. É preciso tempo de adaptação. Um pouco mais de calma e empatia viriam bem a calhar.

As escolas particulares procuraram reagir da melhor forma possível. Ninguém estava preparado para essa realidade. Ninguém. Se a professora não é perfeita dando aulas online, se os alunos ficam jogando durante a aula, paciência. Não é o ideal, mas é o que temos para hoje.

Dizia o saudoso Içami Tiba: “quem não aprende ganhando, aprende perdendo”. Que a gente possa aprender perdendo certas facilidades que nem percebíamos ter. Podemos fazer isto ou nos enchermos de raiva diariamente, murmurando e gritando porque as coisas não estão como queríamos.

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É de enlouquecer, às vezes? Sim.  Não é fácil. Somos todos humanos. Ainda bem. Se há um poder que o ser humano tem é o de ser gentil e amoroso com o próximo, quando quer. Alimentemos mais as gentilezas. Mesmo com o Correio atrasado. Enxergar com leveza um atraso? Sim. Mais empatia na pandemia (e depois)? Tomara que sim.

Respira fundo. Conta comigo; eu conto com você.

Foto: Pexels.

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