O BTG Pactual revisou recentemente suas projeções para as ações da Minerva (BEEF3), resultando em uma modificação significativa na orientação para os investidores.
Segundo os analistas Henrique Brustolin, Thiago Duarte e Bruno Lima, a recomendação para as ações da empresa foi cortada para “neutro”, com um novo preço-alvo estabelecido em R$ 8.
Esta decisão reflete uma série de desafios e incertezas enfrentadas pela companhia, particularmente no contexto de sua recente e grande aquisição.
“A mudança de recomendação está obviamente atrasada”, explicam os analistas. Eles justificam a atualização não por verem um potencial de valorização ou queda limitados, mas para “refletir o risco aceitável que os investidores deveriam estar dispostos a assumir em uma ação cujo valor é agora extremamente binário”.
Alto risco e custo para a Minerva
Isso indica uma perspectiva de volatilidade significativa nas ações, intensificada pela nova estrutura de capital da empresa após a operação.
A Minerva, que antes se beneficiaria de um ciclo favorável de commodities e da diversificação de seus mercados, parece ter encontrado obstáculos substanciais. A compra de 16 fábricas de carne bovina da Marfrig (MRFG3), que inicialmente parecia promissora, revelou-se uma operação de alto risco e custo, exacerbada por juros que começarão a incidir em março de 2024.
“Os investidores nunca ficaram entusiasmados com as fusões e aquisições das empresas de carne bovina”, afirmam Brustolin, Duarte e Lima, destacando a reação negativa do mercado, que resultou em uma queda de aproximadamente 43% nas ações desde o anúncio.
Convicção precisa ser “muito maior”
Os analistas também apontam para a mudança de uma “história clara de desalavancagem para uma história de alavancagem”, justamente quando o ciclo favorável do gado está prestes a se inverter. Eles preveem que a alavancagem da Minerva possa atingir um Ebitda muito menos confortável de cerca de 3,6 vezes nos últimos 12 meses, em comparação com os 2,5 vezes esperados anteriormente.
Adicionalmente, os desafios incluem a aprovação do negócio pelos órgãos antitruste do Brasil e do Uruguai, que pode vir acompanhada de restrições que tornariam o acordo menos atraente economicamente. Isso levanta preocupações sobre a viabilidade da integração e gestão de uma empresa 40% maior sob o contexto atual.
Por fim, apesar do histórico de boa execução da Minerva, os riscos financeiros e operacionais associados à integração desses ativos são consideráveis. Os analistas concluem que, embora vejam maiores chances de sucesso para a Minerva, “a convicção precisa ser muito maior, dados os riscos consideráveis”.