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Ministro Zanin pede vista e adia julgamento no STF sobre correção do FGTS

No setor imobiliário, uma das leituras é de que a mudança pode inviabilizar o uso do FGTS no financiamento de moradias populares

por Reuters
3 min leitura
(Imagem: Reprodução/Waldemir Barreto/Agência Senado)

O ministro Cristiano Zanin pediu vista e adiou mais uma vez, nesta quinta-feira, o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) da ação que questiona se é constitucional a atual forma de correção do saldo das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), dando mais tempo ao governo para buscar uma solução alternativa para a questão.

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O processo foi incluído pelo presidente do STF e relator da ação, Luís Roberto Barroso, como o primeiro item da pauta desta quinta. Contudo, nos últimos dias o governo e partes interessadas vinham pressionado ministros do STF a conceder mais tempo.

O governo teme impacto sobre o financiamento imobiliário caso haja eventual mudança no indicador de correção do fundo, enquanto executivos de construtoras já disseram que uma alteração poderá afetar a capacidade de compra da casa própria pela população de baixa renda.

No setor imobiliário, uma das leituras é de que a mudança pode inviabilizar o uso do FGTS no financiamento de moradias populares, porque os recursos emprestados precisariam receber pelo menos a remuneração da poupança, o que elevaria o custo na ponta final.

A ação em julgamento no Supremo discute se deve permanecer o rendimento do FGTS em 3% mais a Taxa Referencial (hoje em 0,15%) ao ano ou se ele será substituído por outro fator de correção.

FGTS
(Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O julgamento começou em 20 de abril, quando Barroso defendeu em seu voto que os valores do fundo sejam remunerados com rendimento no mínimo igual ao da caderneta de poupança.

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Na ocasião, ele foi acompanhado pelo ministro André Mendonça.

Na retomada do julgamento nesta quinta, o relator fez uma modulação para estabelecer que os efeitos da decisão se produzirão prospectivamente para os novos depósitos efetuados a partir de 2025, e estabelecer, como regra de transição aplicável aos exercícios de 2023 e 2024, que a totalidade dos lucros auferidos pelo FGTS no exercício seja distribuída aos cotistas. Ele foi acompanhado por Mendonça.

O ministro Nunes Marques, que havia pedido vista na época do início do julgamento, votou na sequência e também seguiu o relator pela alteração do cálculo de correção do FGTS.

Contudo, na sequência o ministro Zanin que foi o primeiro indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao STF em seu novo mandato pediu vista e adiou o julgamento por até 90 dias.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, comemorou a nova manifestação de Barroso, dizendo que mostra que houve uma sensibilidade com a argumentação apresentada pela AGU e com os números levantados pela Caixa Econômica Federal.

“Avaliamos que já temos uma vitória, ainda que parcial e preliminar, porque tudo indica que se caminha para a inexistência de passivo para as contas do Tesouro Nacional”, afirmou, acrescentando que o pedido de vista tem um aspecto positivo ao permitir que o governo tenha mais tempo para apresentar uma proposta de acordo, e ainda permite que os ministros possam “refletir um pouco mais sobre a melhor solução de base constitucional para um assunto tão importante para os trabalhadores”.

Mais cedo, três fontes da corte haviam antecipado à Reuters que o julgamento deveria ser novamente adiado nesta quinta por um pedido de vista. Um ministro do STF mencionou, sob condição de anonimato, a sensibilidade do assunto e as tentativas do governo de buscar uma proposta alternativa.

“É um caso complexo e pode ter muitas consequências para o financiamento habitacional”, considerou essa fonte, que recebeu nos últimos dias uma série de envolvidos na discussão.

Mais cedo nesta quinta-feira, o novo presidente da Caixa, Carlos Vieira, afirmou em seu discurso de posse que espera que as pessoas responsáveis atuem para que o FGTS continue a ser o principal funding da casa própria no país.

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