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“Não tem bancada bolsonarista e lulista no BC”, diz Haddad

Na quarta, o Copom decidiu por 5 votos a 4 cortar a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 10,5%, após seis cortes seguidos de 50 p.b.

por Reuters
3 min leitura
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante anúncio de medidas relacionadas ao Rio Grande do Sul

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não existe dentro do Banco Central uma bancada alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro e outra alinhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada na noite desta quinta-feira, o ministro fez comentários a respeito da divisão no Comitê de Política Monetária (Copom) do BC em decisão sobre os juros na véspera.

Presidente da República, Jair Bolsonaro durante Posse do novo Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto
Presidente da República, Jair Bolsonaro durante Posse do novo Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto (Imagem: Marcos Corrêa/PR)

Na quarta-feira, o Copom decidiu por 5 votos a 4 cortar a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 10,50% ao ano, após seis cortes seguidos de 50 pontos-base. Foi justamente a divisão de votos que mais chamou a atenção: todos os cinco dirigentes que votaram por corte de 25 pontos-base já estavam no BC no governo anterior, de Bolsonaro, enquanto os quatro diretores que defenderam corte de 50 pontos-base foram indicados pela administração Lula.

Para Haddad, porém, a divergência ocorreu no campo técnico.

“Eu não concordo com esse tipo de avaliação. Até em respeito aos profissionais que estão lá, não tem uma bancada bolsonarista e uma bancada lulista no BC. Eu acredito que a questão da ‘guidance’ (orientação) tenha sido a razão da divergência”, afirmou Haddad ao jornal.

Gabriel Galípolo e os petistas Paulo Pimenta, ministro da Secom, e o senador Jaques Wagner, no aniversário de Pimenta em março de 2024 (Imagem:
Gabriel Galípolo, diretor do BC apontado como o favorito de Lula para a presidência em janeiro, ao lado dos petistas Paulo Pimenta, ministro da Secom, e o senador Jaques Wagner, no aniversário de Pimenta em março de 2024 (Imagem: (Imagem: Flickr/ Paulo Pimenta/ Lucas Leffa)

O Copom excluiu do comunicado o guidance para a próxima reunião, o que deixou o mercado sem uma referência sobre os próximos passos na política monetária.

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Na entrevista, Haddad também rebateu a ideia de que a divergência entre os diretores pode suscitar dúvidas sobre a autonomia do BC, qualificando esta leitura como “superficial e ideológica”.

Mercado discorda

Nesta quinta-feira, a percepção do mercado de que o BC se tornará mais leniente com a inflação a partir de 2025, quando os dirigentes indicados pelo governo Lula formarão maioria na instituição, fez as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) com prazos mais longos dispararem. Também afetou negativamente o câmbio e a bolsa.

Mais cedo nesta quinta-feira, durante entrevista coletiva, Haddad havia dito que comentaria a decisão do Copom após a divulgação da ata da reunião, marcada para a próxima terça-feira. Ele também havia dito ver com “naturalidade” o debate técnico em torno da política monetária.

Aposentadorias

Na entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Haddad afirmou ainda que não vê “muito espaço” para que o governo discuta a desvinculação do reajuste das aposentadorias da correção do salário mínimo.

Haddad também de defendeu que sejam colocadas travas na Constituição para limitar o pagamento de auxílios que driblam o teto do funcionalismo público, hoje de 41,6 mil reais por mês.

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