Enquanto o segundo leilão de títulos do Tesouro Nacional de junho reduziu o custo de emissão dos títulos LFTs, a venda das NTN-Bs revelou um desinteresse dos investidores.
As taxas aceitas no leilão foram as maiores do ano para todos os vencimentos, observa a equipe da EQI Research.
Os números revelaram uma alta média de 15 pontos-base em relação ao leilão de duas semanas atrás, acompanhando a forte alta da curva de juros observada nesse período.
“Os volumes seguiram fracos, o que é um sinal negativo, dado que o mercado não aceitou o volume mesmo com as taxas nas máximas do ano. Isso evidencia a negativa sobre os títulos por parte dos investidores”, explica João Neves, analista de renda fixa da EQI.
Demanda fraca pelas NTN-Bs
No certame de NTN-B, os lotes continuaram reduzidos e apenas houve um ligeiro aumento do papel mais curto, para 2029. O Tesouro vendeu parcialmente a NTN-B para 2060.
“Fatores domésticos explicam essa elevação do retorno, pois as taxas de juros dos USTIPS [Treasuries] registrou queda nas duas últimas semanas”, analisa a LCA Consultores, em um relatório enviado a clientes.
LFTs
Já os volumes colocados nas LFTs também foram fracos, negociando apenas metade do volume médio do ano até agora.
“Da mesma forma que as NTN-Bs, isso também representa um sinal negativo para a rolagem da dívida pública e pode levar a taxas ainda mais altas em outros títulos, pressionando ainda mais a curva de juros”, pontua Neves.
Taxas futuras
As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira com forte elevação, de quase 30 pontos-base nos vencimentos mais longos, em meio a ruídos políticos e preocupações do mercado com o equilíbrio fiscal brasileiro, em movimento que durante a tarde ganhou novo fôlego com a decisão de política monetária do Federal Reserve, que apontou para apenas um corte de juros nos EUA em 2024.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 que reflete a política monetária no curtíssimo prazo estava em 10,72%, ante 10,63% do ajuste anterior.
A taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,34%, ante 11,192% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,72%, ante 11,503%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2029 estava em 12,145%, ante 11,881%, e o contrato para janeiro de 2033 marcava 12,33% alta de 28 pontos-base ante o ajuste de 12,049%.
As taxas futuras abriram a sessão já em alta no Brasil, após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ter anunciado na terça-feira a decisão de devolver ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva trechos da Medida Provisória do PIS-Cofins que restringiram a compensação de créditos do tributo.
A ação de Pacheco foi vista como uma derrota para o governo e, em especial, para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que buscava com a MP cobrir perdas de arrecadação com a manutenção da desoneração da folha de pagamento.
A expectativa era de que a MP fosse gerar aumento de 29 bilhões na arrecadação em 2024.