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Nutrien avalia desinvestimentos na América Latina após perdas e êxodo de executivos

Até 2022, a Nutrien operava em 13 Estados do Brasil e tinha cerca de 200 unidades comerciais na América Latina

por Reuters
3 min leitura
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A Nutrien, maior produtora mundial de fertilizante potássico, está considerando desinvestimentos na América do Sul, substituindo executivos e suspendendo aquisições no Brasil após grandes prejuízos na região, disseram fontes com conhecimento do assunto.

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Este ano, a Nutrien separou o Brasil do restante de suas operações na América Latina enquanto avalia a venda de ativos na Argentina, Chile e Uruguai para simplificar as operações na região, disseram duas fontes.

Desde abril de 2023, pelo menos oito executivos sêniores e pessoas em postos-chave foram demitidos ou deixaram a empresa, incluindo toda a equipe de supply management do Brasil, e um CEO e um CFO para a América Latina, disseram três fontes, falando sob condição de anonimato.

Os problemas da Nutrien na América do Sul surgem no mesmo momento em que empresas de fertilizantes enfrentam volatilidade no mercado global.

A invasão russa na Ucrânia levou os preços a dispararem em 2022, apenas para colapsarem no ano seguinte, à medida que os agricultores adiavam compras e os suprimentos globais se estabilizavam.

Os cortes de pessoal e as potenciais vendas de ativos refletem os desafios que a Nutrien enfrentou ao entrar no mercado varejista agrícola brasileiro, onde a companhia introduziu um modelo de negócio único.

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No ano passado, a Nutrien reconheceu uma baixa contábil de 465 milhões de dólares relacionada às suas aquisições na América do Sul, o que o analista da Morningstar, Seth Goldstein, disse ser devido ao menor valor de seu estoque de fertilizantes.

(Imagem: Reprodução/Freepik/@freepik)
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“Por ser um negócio novo, as mudanças estruturais e de liderança fazem parte da jornada de crescimento”, afirmou a Nutrien em um comunicado à Reuters.

A empresa se recusou a comentar detalhes de seus planos, incluindo possíveis desinvestimentos ou mudanças de equipe.   

Expansão do Varejo

A Nutrien iniciou sua expansão no Brasil logo após sua formação em 2018 por meio da fusão da Potash Corp, sediada em Saskatchewan, e da Agrium Inc, que tinha uma pequena fábrica de fertilizantes no Estado de São Paulo.

Inicialmente, a Nutrien planejava aumentar as vendas no varejo agrícola em até 30% no Centro e no Sul do Brasil através da compra de revendedores existentes.

Concorrentes internacionais, como Mosaic e Yara, evitaram vendas diretas a agricultores no Brasil, um mercado extremamente fragmentado.

André Dias, que ingressou em 2019 como CEO da companhia no Brasil e depois foi promovido a CEO para a América Latina, anunciou aproximadamente oito aquisições em cerca de três anos, de acordo com dados da empresa.

Sob sua liderança, a Nutrien vendia fertilizantes e outros insumos agrícolas nas revendas recém-adquiridas ou nos “centros de experiência”, que são lojas renovadas, muitas vezes em áreas urbanas. A Nutrien também decidiu centralizar os estoques para reduzir a necessidade de capital de giro.

Mas os revendedores da Nutrien tiveram dificuldades em entregar pedidos no prazo devido a problemas de integração de software e de gerenciamento dos estoques, fatores que afugentaram os clientes, disseram duas fontes.

Relacionamentos valiosos com produtores locais também se perderam após a saída de empregados das revendas adquiridas pela Nutrien, segundo uma das fontes e Marcelo Mello, diretor de fertilizantes da consultoria StoneX.

(Imagem: Reprodução/Freeepik/@freepik)
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Até 2022, a Nutrien operava em 13 Estados do Brasil e tinha cerca de 200 unidades comerciais na América Latina.

A Nutrien e outros importadores no Brasil também estocaram fertilizantes porque temiam escassez de produtos em meio à ameaça de sanções ocidentais aos grandes produtores Rússia e Belarus em 2022, disseram três fontes.

As restrições da China às exportações de fertilizantes, que ela precisava reter para uso próprio, agravaram ainda mais esses temores.

Em 2023, as margens brutas da Nutrien sofreram, com a empresa vendendo seu estoque de alto custo com prejuízo na América do Sul.

No ano passado, as vendas globais da Nutrien caíram 23%, para 29 bilhões de dólares, enquanto o lucro líquido despencou 83%, para 1,28 bilhão de dólares.

Dias, CEO para a América Latina, deixou a empresa em abril de 2023 e o CFO da região, Luis Cerresi, saiu em dezembro, de acordo com seus perfis no LinkedIn. A Nutrien havia nomeado o novo CEO global Ken Seitz em 2022. Cerresi se recusou a comentar.

A Nutrien suspendeu imediatamente todas as aquisições no Brasil e interrompeu a construção de novas fábricas de fertilizantes após a saída de Dias, disseram duas fontes.

O ex-executivo refutou a ideia de que a empresa cresceu muito rapidamente, segundo uma declaração enviada por email à Reuters. Ele disse que seu trabalho não deve ser julgado pelo número de aquisições e que concorrentes locais haviam feito movimentos semelhantes.

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A audiência está marcada para as 10 horas, no plenário 16 (Imagem: freepik/@ freepik)

A Nutrien continua enfrentando um ambiente desafiador na América do Sul. O preço do potássio está baixo e permanecerá assim à medida que grandes novos projetos surgem no Canadá e na Inglaterra, disse Mello, da StoneX. Isto é um problema para qualquer empresa com um estoque mais caro do que o preço atual.

“Toda a indústria no Brasil perdeu muito dinheiro no ano passado”, disse Mello.

Atualmente, a Nutrien está em busca de parcerias para aumentar a utilização da capacidade de seus misturadores de fertilizantes no Brasil, que está em torno de 50%, disseram duas das fontes. Isso pode significar a produção de fertilizantes para terceiros, disse uma fonte.

A Nutrien disse em seu e-mail à Reuters que seus cinco misturadores estão operando abaixo da capacidade máxima e que está fazendo ajustes devido às condições macroeconômicas.

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