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Petrobras planeja aquisição de 2 GW em ativos solares e eólicos em terra no Brasil, diz CEO

A Petrobras apresentou seus primeiros estudos para projetos eólicos offshore no ano passado

por Reuters
3 min leitura
(Imagem: Alessandro Dantas)

A Petrobras (PETR3; PETR4) planeja avançar este ano na transição energética com a aquisição de participações em ativos de energia renovável, disse à Reuters o CEO da empresa, Jean Paul Prates, acrescentando que a petroleira espera formar inicialmente um portfólio de cerca de 2 gigawatts de ativos de geração eólica e solar em terra no Brasil.

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Segundo Prates, a petroleira fará parcerias com outras empresas em projetos já consolidados e que não enfrentam dúvidas sobre o sucesso do negócio.

“Tem muito projeto bom aí de portugueses, espanhois, franceses e brasileiros, tudo onshore (em terra) e já rodando. Esses 2 gigawatts devem ser de solar e eólica em terra”, afirmou o executivo, em uma entrevista por telefone no fim de semana.

“Este ano vamos mostrar que nossa reta é firme e que estamos olhando para o futuro e sabemos o que queremos, vamos começar a por de pé o portfólio de renováveis. Ele vai mostrar que tem qualidade e é consolidado, além de firme. Não é coisa besta, nem pequenininha”, acrescentou, mencionando também oportunidades de negócio em projetos de hidrogênio verde, sem especificar.

O foco em projetos renováveis no Brasil atende anseios do governo federal em relação à companhia, cuja gestão que tomou posse após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca aliar geração de empregos locais com um protagonismo no processo para a transição energética brasileira.

Prates frisou acreditar que os papeis da empresa deverão se valorizar diante do movimento. “Acho que o mercado vai ver que a transição será feita de forma firme e responsável e vai reconhecer isso”, afirmou.

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O CEO destacou ainda que a empresa aguarda com expectativa a aprovação de um marco regulatório para uma indústria eólica offshore (marítima) no Brasil, que atualmente aguarda apreciação do Senado.

Petrobras
(Imagem: Facebook/Petrobras)

A Petrobras apresentou seus primeiros estudos para projetos eólicos offshore no ano passado, em uma carteira que soma cerca de 30 gigawatts (GW) na costa brasileira, entre projetos próprios e em conjunto com a norueguesa Equinor.

“Quando sair (o marco regulatório), vamos reinar praticamente sozinhos nesse mercado. Essa é nossa grande aposta e vamos aí fazer a diferença”, disse Prates.

O primeiro plano estratégico da estatal no terceiro governo de Lula prevê investimentos de 102 bilhões de dólares entre 2024 e 2028, alta de 31% em relação ao previsto no plano quinquenal anterior, com até 11,5 bilhões de dólares para projetos de baixo carbono.

A companhia trabalha ainda em diversas frentes para avançar com investimentos em baixo carbono, incluindo iniciativas para a produção de combustíveis verdes.

A Petrobras buscar ingressar no mercado de energias renováveis em um momento em que as fontes eólica e solar crescem a taxas aceleradas no Brasil, impulsionadas pela forte demanda dos últimos anos para contratação de energia limpa, principalmente por parte de empresas que desejam descarbonizar suas operações.

A matriz elétrica brasileira, que possui mais de 80% de participação de fontes renováveis, cresceu 10,3 gigawatts (GW) em capacidade instalada no ano passado, para quase 200 GW, em expansão recorde praticamente dominada pelas usinas eólicas e solares, segundo dados da agência reguladora Aneel.

(Imagem: Reprodução/.Freepik/@ededchechine)
(Imagem: Reprodução/.Freepik/@ededchechine)

Os parques eólicos contribuíram em grande medida para o recorde em 2023: as 140 unidades que passaram a operar ao longo do ano somaram 4,9 GW, respondendo por 47,65% da expansão da matriz no ano.

Também entraram em operação no ano 104 centrais solares fotovoltaicas (4.070,9 MW), 33 termelétricas (1.214,9 MW), 11 pequenas centrais hidrelétricas (158,0 MW) e três centrais geradoras hidrelétricas (11,4 MW).

Diesel Coprocessado

A Petrobras também planeja ampliar a produção de diesel coprocessado com óleos vegetais, por meio de rota tecnológica que permite a produção do combustível fóssil já com um percentual renovável, chamado de diesel R, a ser vendido para distribuidoras.

Prates voltou a defender a inclusão do diesel R no mandato de biocombustíveis do Brasil, em complementação ao mandato já existente para o biodiesel.

“Não vamos tomar o mercado de ninguém. Vamos ser no futuro um grande comprador do agronegócio brasileiro de óleo vegetal. Vamos ter mandato, mas vai ser um mandato em paralelo do biodiesel”, disse ele, defendendo que o diesel R tem uma qualidade superior.

(Imagem: Reprodução/REUTERS/Ricardo Moraes)
(Imagem: Reprodução/REUTERS/Ricardo Moraes)

“O biodiesel é mais perecível, forma borras se fica parado e decanta. Tem desafios e até tem um limite técnico para motorização. Ou seja, tem questões de qualidade e estabilidade do produto que o R não tem.”

A petroleira trabalha com planos para alcançar um percentual de 20% a 30% de diesel R dentro de 30 anos, disse o executivo, sem detalhar.

Preços de Combustíveis

O presidente da Petrobras afirmou ainda que em 2024 os preços dos combustíveis do Brasil ficarão mais estáveis, apesar de tensões crescentes no Oriente Médio, a exemplo do que ocorreu no ano passado, como fruto de nova estratégia comercial anunciada pelo executivo em maio de 2023, que, segundo ele, tem permitido reduzir a frequência de reajustes e evitar volatilidades externas.

“A nova política deu super certo, os preços já estão mais estáveis e vão continuar… Nos comportamos como uma cadeia que trabalha em prol de um preço acessível à população e ainda sim lucramos de forma adequada. Não fazemos e não vamos subsidiar combustíveis”, afirmou, reiterando que a empresa segue acompanhando preços internacionais.

(Imagem: Freepik/@ teksomolika)
(Imagem: Freepik/@ teksomolika)

Prates disse ainda que vem acompanhando com preocupação a tensão no Mar Vermelho, onde o grupo houthi, do Iêmen, apoiado pelo Irã, tem feito ataques a navios de cargas, incluindo de petróleo e gás.

Algumas petroleiras tem evitado usar essa rota e buscado caminhos alternativos.

Prates afirmou que tem conversado com CEOs de outras petroleiras globais sobre o tema e que acredita que os preços do petróleo ainda não incorporaram a tensão na importante rota de transporte e que é preciso uma solução de longo prazo para o problema na região.

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