No último dia do mês de agosto, o IBGE anunciou o PIB do segundo trimestre do ano de 2013 com expansão de 1,5% sobre o trimestre anterior, ficando acima da mediana das projeções de +1,0%, e também do teto estimado em +1,3%, bem melhor que o crescimento do primeiro trimestre de somente 0,6%.
Certamente, o governo irá comemorar, mas isso não muda muito a percepção sobre a economia e investidores. Há consenso entre os economistas que os problemas estão centrados no PIB do terceiro trimestre, que deve ser bem fraco e, segundo algumas projeções, até negativo.
Olhando os dados por dentro dos números apresentados pelo IBGE, podemos constatar que a maior expansão foi no segmento agropecuário, com +3,9%, seguido pelo acréscimo da indústria de 2,0%, mas com o PIB de serviços com incremento de somente 0,8%; todos em relação ao trimestre imediatamente anterior.
Foi possível notar ainda que, mesmo com todos os estímulos ao consumo, o consumo das famílias cresceu somente 0,3% e o de governo com +0,5%. Destaque somente para a formação bruta de capital fixo, com expansão de 3,6%, porém a base de comparação é muito fraca.
A taxa de investimento de 18,6% do PIB é ainda muito baixa, insuficiente para garantir expansão consistente nos próximos trimestres. O crescimento das exportações de 6,9% também ajudou no PIB do segundo trimestre, principalmente por conta do fraco aumento de 0,6% nas importações.
Em que pese os números melhores que o esperado, as projeções de crescimento para 2013 não devem mudar muito do que tem saído nas pesquisas semanais da Focus do Bacen (Banco Central do Brasil), onde consta crescimento de 2,20%.
O mesmo não ocorre com a inflação, que deve rondar taxa de 6,0% em função da alta recente do dólar e mudança de patamar, e ainda pressionada pela necessidade de promover aumentos de preços dos combustíveis, já que a Petrobras sofre com prejuízos entre o preço de compra no mercado internacional e vendas no segmento interno.
Em função dessa percepção de problemas na economia local, baixa credibilidade dos investidores e necessidade de guinadas na política econômica e monetária, muitos investidores optaram por dirigirem suas aplicações para fundos que realizam investimentos em ativos no exterior (vide nosso artigo “Economia brasileira: vertente para explorar”), postura absolutamente coerente dentro do que se apresenta.
Ainda que essa seja uma postura correta, gostaríamos de fazer um contraponto. Com a recuperação econômica americana e início de retomada do crescimento da Europa, será possível ao Brasil surfar um pouco nessa onda positiva, notadamente no que diz respeito aos produtos primários e semielaborados.
Como consequência disso e de certa recuperação dos investimentos, abrem-se novas expectativas para empresas e setores mais eficientes na captura de sinergias com o exterior.
Nesse ponto cabe lembrar que as empresas brasileiras sofreram larga destruição de valor ao longo do primeiro semestre e podem contar com alguma recuperação no segundo semestre, baseada nesse pressuposto. Porém, a volatilidade externa e interna deve permanecer presente, o que certamente agrega componente de risco.
De qualquer forma, somos de opinião que cabe direcionar recursos para fundos de ações e multimercados de bons gestores, que realizam com frequência diária avaliações das opções de investimentos, a partir de minuciosas análises fundamentalistas, sempre com horizontes temporais mais dilatados para retorno. Nós, na Órama, temos fundos dessas famílias com performances melhores que o Ibovespa e outros indicadores.
Seguindo esse princípio gostaria de deixar uma pergunta no ar para você que nos lê se posicionar: não estaria na hora de começar a pensar em investir um pouco mais em ativos de risco no mercado local? Na sua visão existem boas alternativas para serem exploradas? Envie seus comentários.
Foto businessman, Shutterstock.