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Prazos mais longos caem com alívio sobre Copom

A leitura do mercado foi de que o Copom pode parar de cortar a Selic já em junho, com a taxa básica permanecendo em 10,50% ao ano

por Reuters
Copom

As taxas dos DIs com prazos mais longos fecharam a terça-feira com baixa firme, após a ata do Copom esclarecer detalhes sobre a divergência entre os diretores do Banco Central, mas o tom duro do documento fez as taxas de curtíssimo prazo subirem, com o mercado precificando que a Selic vai parar de cair já em junho.

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No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,335%, ante 10,316% do ajuste anterior, uma alta de cerca de 2 pontos-base.

Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,56%, ante 10,583% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 10,9%, ante 10,974%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,19%, ante 11,288%.

O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,6%, ante 11,727%.

Divulgada antes da abertura do mercado, a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC trouxe dois pontos de atenção.

Em primeiro lugar, o documento esclareceu que os quatro diretores que votaram por corte de 50 pontos-base da taxa básica Selic todos indicados pelo governo Lula estavam preocupados com o cumprimento do “forward guidance” (indicação futura) do BC, que havia apontado para corte de meio ponto neste encontro de maio.

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Por outro lado, os cinco dirigentes que votaram por corte de 25 pontos-base todos indicados antes do governo Lula estavam mais preocupados com a credibilidade em si do BC no combate à inflação, deixando em segundo plano o “guidance”.

As explicações técnicas trazidas pela ata reduziram em parte os receios de que em 2025, quando se tornar maioria, o grupo de indicados por Lula será mais vulnerável à influência política em suas decisões.

“O mercado não vai necessariamente ter problemas com um BC que permita ter mais inflação.

O que o mercado teme é um BC politizado, nos moldes do que teve na administração Dilma (Rousseff)”, pontuou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. “Se há uma preservação da postura técnica, a questão não é ser ‘dovish’ (brando com a inflação) ou ‘hawkish’ (duro)”, acrescentou.

(Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
(Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O relativo alívio trazido pelo esclarecimento das divergências permitiu a retirada de prêmios na ponta longa da curva a termo. No melhor momento do dia, às 11h56, a taxa do DI para janeiro de 2031 marcou 11,560%, em queda de 17 pontos-base ante o ajuste da véspera.

O segundo ponto de atenção da ata está ligado à visão do cenário de modo geral. Profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram que o tom do documento foi “hawkish”, dando bastante peso à desancoragem de expectativas, à alta das projeções de inflação e à piora do cenário internacional.

Com isso, a leitura do mercado foi de que o Copom pode parar de cortar a Selic já em junho, com a taxa básica permanecendo em 10,50% ao ano.

Isso se traduziu na leve alta das taxas futuras curtíssimas, como a do contrato de janeiro de 2025. A curva a termo passou a refletir apostas maiores de que a Selic não cairá em junho.

“Projetamos, por ora, Selic em 10,25% ao final de 2024, com mais um corte de 25 pontos-base na próxima reunião. No entanto, diante da contínua piora das expectativas de inflação, acreditamos que a chance de não haver mais cortes de juros aumentou”, afirmou a equipe econômica do C6 Bank, liderada pelo economista-chefe Felipe Salles, em nota enviada a clientes.

Perto do fechamento desta terça-feira, a precificação da curva a termo refletia 70% de chances de a Selic seguir em 10,50% em junho, contra 30% de probabilidade de corte de 25 pontos-base.

Na véspera, antes da ata do Copom, a relação era de 47% para manutenção contra 53% para corte.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries também cediam nesta terça-feira, com investidores à espera da divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de abril, na quarta-feira.

Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento caía 3 pontos-base, a 4,449%.

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