A produtividade no início da colheita de café robusta e conilon do Brasil está abaixo do esperado, resultado das temperaturas extremamente altas durante o último verão no país, de acordo com agricultores e especialistas.
“O que estamos ouvindo do produtor é que o grão este ano tem uma peneira menor do que no ano passado, ou seja, os grãos não desenvolveram como deveriam”, disse Luiz Carlos Bastianello, presidente da Cooabriel, a maior cooperativa de café conilon do Brasil.
“Os pés de café conilon foram afetados pelo calor, parece que a safra pode ser um pouco menor do que a maioria dos comerciantes estimou”, disse Jonas Ferraresso, agrônomo que assessora os agricultores brasileiros.
Ambos disseram, no entanto, que essas são apenas indicações iniciais da safra, mostrando a situação no início da colheita, quando os agricultores normalmente colhem os grãos de clones precoces.
“Parte do café robusta no Brasil está sendo processada agora, após a colheita. Os cafeicultores estão colhendo as cerejas e estão vendo grãos menores”, disse Judith Ganes, analista de soft commodities, acrescentando que isso significa que os cafeicultores precisarão de mais grãos para encher uma saca de 60 kg.
Ela estima que a safra ficará entre 5% e 10% abaixo do esperado.
A maioria dos analistas independentes esperava uma produção de canéforas (robusta e conilon) no Brasil de cerca de 21 milhões a 23 milhões de sacas.
A safra do país este ano é fundamental para o abastecimento global, uma vez que o Vietnã, o maior produtor de robusta, teve uma produção menor.
Os preços do café robusta atingiram um recorde na semana passada devido à escassez.
A situação da produção de café arábica no Brasil, que representa cerca de dois terços da safra total, parece ser melhor, segundo Ferraresso e Ganes.
O arábica é cultivado em áreas do Brasil que não são tão quentes, enquanto as plantações de canéforas estão no Espírito Santo, Rondônia e Bahia, mais afetadas pelo fenômeno climático El Niño.