A expectativa de uma queda menor e mais lenta da Selic, hoje em 10,75% ao ano, frustra as expectativas de um crescimento das negociações nos mercados de renda variável e afetado as ações da B3 (B3SA3) e XP Investimentos (XPBR31).
A última edição do relatório Focus, do Banco Central, já elevou a expectativa para o juro ao final de 2024 de 9% para 9,25%, enquanto alguns economistas já estimam um nível ainda mais alto.
As taxas dos DIs de curto prazo voltaram a subir após o presidente do BC, Roberto Campos Neto, defender que a incerteza ligada à área fiscal e ao exterior pode reduzir o afrouxamento.
Com isso, a curva passou a precificar 84% de chances de o corte em maio ser de apenas 25 pontos-base, ante as expectativas anteriores de 50 p.b.
O cenário vem mudando nos últimos dias após a divulgação de uma bateria de dados positivos sobre a economia dos EUA, que elevaram a percepção de que o Federal Reserve não terá espaço para cortar juros no curto prazo.
O que fazer com as ações?
“Embora em um ciclo de queda dos juros, não somos construtivos com o volume negociado em renda variável, e nem com a sustentabilidade do modelo B2B com os atuais patamares de ROA [Return On Equity) e rentabilidade dos ativos sob custódia de algumas instituições”, apontam os analistas Pedro Serra e Pedro Dietrich da Ativa Investimentos.
Eles cortaram a recomendação para as BDRs da XP de compra para neutra. O preço-alvo é de R$ 130.
“Não enxergamos uma adição líquida de assessores como visto em anos anteriores, reduzindo o apetite pela captação de novos clientes, além de observamos uma competição crescente. Por fim, o próprio modelo cria ressalvas quanto a evolução do volume assessorado, ressaltamos a fraca rentabilidade dos ativos sob custódia (AUC) na XP e seu pior desempenho em captação nos últimos trimestres”, avaliam.
Enquanto isso, a projeção para as ações da B3 foi mantida em neutra.
“Negociando a um dos seus menores múltiplos dos últimos anos, ainda não consideramos as ações de B3 atrativas para estar comprado. Entendemos que o nível atual de precificação incorpora as piores expectativas quanto ao volume negociado na bolsa para frente, bem como um crescimento ainda consistente das despesas recorrentes, o que se traduz em uma margem líquida recorrente em contração”, dizem Serra e Dietrich.
BTG Pactual
Já o BTG Pactual (BPAC11) teve a sua recomendação para as ações elevada de neutra para compra, com preço-alvo de R$ 42.
“Para o BTG, vemos um ROA e rentabilidade mais saudáveis, além de um ganho relevante de participação nos fundos administrados, o que deve impulsionar as demais receitas do banco. Sendo assim, com melhor visibilidade sobre o seu resultado no médio prazo, temos compra para o BTG, sendo o nosso top pick do setor”, opinam.