As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira em alta, acompanhando o avanço dos rendimentos dos Treasuries mais curtos no exterior, após uma autoridade do Federal Reserve afirmar na véspera que não há pressa para cortar juros nos EUA, enquanto no Brasil o mercado não viu novidades de impacto no Relatório de Inflação e na coletiva de imprensa do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 9,915%, ante 9,911% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,91%, ante 9,893% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,165%, ante 10,143%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,47%, ante 10,436%. O contrato para janeiro de 2029 marcava 10,67%, ante 10,638%.
Na noite de quarta-feira, o diretor do Fed Christopher Waller afirmou que “não há pressa” para cortar os juros nos EUA neste momento. Além disso, pontuou que adiar o início dos cortes nas taxas provavelmente afetará o tamanho da flexibilização que ocorrerá em 2024.
“É apropriado reduzir o número global de cortes nas taxas ou empurrá-los ainda mais para o futuro, em resposta aos dados recentes”, disse Waller.
“A fala de Waller ontem foi hawk (dura com a inflação), com ele querendo olhar números para ter espaço para cortar juros. Isso dá o tom do dólar forte hoje, e o (rendimento do) Treasury também abre um pouco, o que faz a taxa do DI abrir aqui também”, comentou durante a tarde o chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Garcia.
De fato, os yields subiam com mais intensidade entre os títulos norte-americanos curtos, que refletem mais diretamente a perspectiva para a política monetária de curto prazo nos EUA.
No Brasil, o cenário externo abriu espaço para o avanço das taxas futuras. A taxa do DI para janeiro de 2027 chegou a subir 5 pontos-base às 9h24, no pico do dia.
Além do exterior, investidores monitoraram a divulgação do Relatório de Inflação do BC e a coletiva de Campos Neto, realizada em São Paulo.
No documento, a autoridade monetária reiterou os alertas mais recentes sobre a inflação no Brasil e elevou de 1,7% para 1,9% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024.
À imprensa, Campos Neto disse que o BC optou por indicar a intensidade do corte na taxa básica de juros apenas para a reunião de maio do Comitê de Política Monetária (Copom) porque o cenário não está claro para prazos mais longos.
“Exatamente por isso a gente retirou o ‘forward guidance’, porque não temos uma visibilidade tão clara. Quando a gente não tem uma visibilidade tão clara, entende-se que fica um pouco dependente do cenário daqui até lá”, afirmou, em resposta a questionamentos sobre o que o colegiado planeja fazer sobre a Selic a partir de junho.
A taxa básica Selic está atualmente em 10,75% ao ano, e as sinalizações do BC são de novo corte de 50 pontos-base no encontro de maio, deixando em aberto a decisão no encontro de junho.
Apesar da importância do relatório e da coletiva, a avaliação no mercado foi de que eles não trouxeram novidades substanciais em relação ao cenário traçado pelo BC.
Durante a tarde, sem efeito maior na curva a termo, o Tesouro informou que a dívida pública federal subiu 2,25% em fevereiro ante janeiro, para 6,595 trilhões de reais.
Perto do fechamento a curva a termo brasileira precificava 95% de chances de o corte da taxa básica Selic em maio ser de 50 pontos-base.
No exterior, às 16h36, o rendimento do Treasury de dois anos que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo tinha alta de 6 pontos base, a 4,628%.
Já o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento subia 1 ponto base, a 4,206%.