Em um cenário político conturbado, uma reportagem publicada nesta segunda-feira (25) no The New York Times lança luz sobre os eventos envolvendo o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em uma suposta tentativa de asilo na embaixada da Hungria em Brasília no dia 12 de fevereiro.
No dia 8 de fevereiro, a Polícia Federal tomou a ação de confiscar o passaporte de Bolsonaro e prender dois de seus ex-assessores, acusados de planejar um golpe após a derrota nas eleições presidenciais de 2022.
Segundo o jornal, apenas quatro dias após esses acontecimentos, Bolsonaro foi visto na entrada da Embaixada da Hungria, “esperando para entrar”, conforme mostram as imagens de câmera de segurança obtidas pelo periódico.
Durante os dois dias seguintes, Bolsonaro permaneceu na embaixada, acompanhado por dois seguranças e assistido pelo embaixador húngaro e outros membros da equipe.
Amizade com Orban
A matéria sugere que a estadia na embaixada pode indicar uma tentativa de Bolsonaro de utilizar sua relação com Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria e líder de extrema-direita, para escapar das investigações criminais que enfrenta no Brasil.
O Times destaca que analisou imagens de três dias, verificando-as em comparação com outras da embaixada, incluindo imagens de satélite que mostravam o carro de Bolsonaro estacionado na garagem.
Um funcionário da embaixada, que preferiu manter o anonimato, confirmou o plano de acolher Bolsonaro. Contudo, o advogado do ex-presidente e a própria Embaixada da Hungria não emitiram comentários sobre o ocorrido. É notório o relacionamento próximo entre Bolsonaro e Orban, que já se referiram reciprocamente como “irmãos” e demonstraram apoio mútuo em várias ocasiões.
Bolsonaro enfrenta diversas investigações criminais no Brasil, incluindo acusações de conspiração para venda de joias recebidas como presentes do Estado e falsificação de registros de vacinação contra a Covid-19. A Polícia Federal brasileira chegou a recomendar acusações criminais contra ele por uso de cartões falsos de vacina.
Apenas alguns dias antes da entrada de Bolsonaro na embaixada, Orban publicou uma mensagem de apoio ao “amigo”.
A estadia de Bolsonaro
A reportagem detalha a chegada à embaixada, onde o ex-presidente foi recebido pelo embaixador Miklós Halmai. Nas horas que se seguiram, funcionários da embaixada prepararam apartamentos de hóspedes para a estadia do ex-presidente, indicando um planejamento prévio para sua acolhida.
Durante sua permanência, Bolsonaro foi visto passeando pelo estacionamento da embaixada e recebendo visitas, inclusive uma que aparentava ser de entrega de pizza. A saída da embaixada, em 14 de fevereiro, foi igualmente documentada, marcando o fim de sua estadia no local.
A situação de Bolsonaro gerou especulações sobre uma possível fuga da Justiça. Após deixar a embaixada, ele realizou um comício em São Paulo, onde reafirmou sua defesa contra o que considera ser uma perseguição política.
Bolsonaro e seus advogados têm criticado o Supremo Tribunal Federal do Brasil, acusando-o de abuso de poder e interferência nas eleições de 2022. Documentos divulgados pelo tribunal indicam que Bolsonaro tentou, sem sucesso, persuadir os líderes militares do país a anular os resultados eleitorais.
Apesar dos desafios legais e políticos, Bolsonaro afirmou recentemente que não teme a prisão e decidiu permanecer no Brasil.