O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta terça-feira pelo quinto pregão seguido, com o desempenho nesta sessão pressionado pelo recuo de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), em dia de declínio do minério de ferro e do petróleo no exterior.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,19%, a 121.802,06 pontos, após marcar 120.878,36 pontos na mínima e 122.031,66 pontos na máxima do dia. A perda nesses últimos cinco pregões soma 2,16%.
O volume financeiro no pregão somou 20,6 bilhões de reais.
A melhora dos pregões em Nova York, que fecharam no azul, e a queda nos retornos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, com novos dados sinalizando desaceleração da maior economia do mundo, amenizaram, mas não evitaram a queda na bolsa paulista.
Na visão de analistas do Itaú BBA, o Ibovespa, ao perder o suporte em 123.300 pontos na véspera, acendeu sinal de alerta.
“O momento é de cautela no curto prazo, pois o cenário de quedas mais acentuadas à frente existe. O ambiente externo, até o momento, não conseguiu contribuir para um avanço do Ibovespa”, afirmaram no relatório Diário do Grafista.
Na pauta dia, o IBGE mostrou que o PIB do Brasil voltou a crescer no início de 2024, com expansão de 0,8% frente ao quarto trimestre de 2023. O dado dos últimos três meses do ano passado foi revisado de estagnação para contração de 0,1%.
Para economistas do Bradesco, o resultado reforça a visão de um crescimento acelerado em 2024, liderado pelo consumo, que é reflexo do mercado de trabalho bastante dinâmico.
“Os investimentos são a notícia positiva, e indicam que o crescimento tendencial da economia pode ser um pouco maior do que o consenso”, disseram em nota a clientes, afirmando que a projeção deles indica alta de 2,3% do PIB em 2024.
O Ministério da Fazenda, por sua vez, apresentou medida para limitar o sistema de créditos de PIS/Cofins, prevendo um ganho de 29,2 bilhões de reais em 2024, para compensar a perda de receita com a desoneração da folha salarial em vários setores.
Ainda no radar, o governo enviou ao Congresso Nacional o segundo projeto de lei complementar para regulamentar a reforma tributária do consumo, que detalha o sistema de gestão do novo tributo e a distribuição de receitas a Estados e municípios.
Destaques
Vale (VALE3) recuou 1,02%, seguindo a queda dos futuros de minério de ferro, que atingiram os níveis mais baixos em quase sete semanas na China, com sinais de enfraquecimento da demanda de curto prazo e das perspectivas de consumo de médio a longo prazo naquele país, além da persistência de estoques elevados no porto.
O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou o dia com queda de 2,11%, a 834 iuanes (115,11 dólares) a tonelada.
Petrobras (PETR4) caiu 1,11%, enfraquecida pela queda dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent cedeu 1,07%.
Petrobras (PETR3) fechou em baixa de 0,57%.
No setor, 3R Petroleum (RRRP3) recuou 3,12% e Prio (PRIO3) perdeu 0,68%, mas Petroreconcavo (RECV3) subiu 0,29%.
Itaú Unibanco (ITUB4) encerrou negociada em alta de 0,35% e Bradesco (BBDC4) terminou com acréscimo de 0,91%.
Sabesp (SBSP3) avançou 1,52%, após o governo de São Paulo divulgar detalhes sobre a oferta de ações que privatizará a companhia de água e saneamento do Estado.
A operação será inteiramente secundária e o processo terá uma cláusula de não-concorrência. O Estado de São Paulo detém participação de 50,3% e pretende manter uma fatia minoritária após a operação.
Já o “investidor estratégico” deterá fatia de 15%, que deverá ser mantida até 2030, conforme prazo de “lockup” já fixado.
SLC Agrícola (SLCE3) valorizou-se 3,04%, tendo no radar relatório de analistas do Citi elevando a recomendação dos papéis para “compra”, bem como o preço-alvo de 22 para 24 reais.
“Após um período turbulento marcado pelo fenômeno El Niño, com clima quente e seco na região Centro-Oeste do Brasil, estamos atualizando SLC para ‘compra’, pois esperamos melhores condições agrícolas em 2024/25”, afirmaram.
Magazine Luiza (MGLU3) desabou 8,12%, retomando a tendência de baixa após duas sessões de trégua na pressão vendedora, com agentes financeiros também avaliando os potenciais efeitos relacionados à MP envolvendo mudanças no sistema de créditos de PIS/Cofins.
No setor, Casas Bahia (BHIA3), que não está no Ibovespa, despencou 9,03%.
Vibra (VBBR3) caiu 2,06%. Analistas do UBS BB atualizaram seu modelo para a companhia após a divulgação do balanço do primeiro trimestre, mantendo recomendação de “compra”, mas cortando o preço-alvo de 36 para 34 reais.