Durante a vida de solteiro, noivo e noiva administram suas finanças pessoais em separado e cada um cuida do que é seu, sem tanta satisfação. De repente, o casal precisa tomar decisões que envolvem o futuro de ambos e uma dúvida aparece: conta conjunta ou separada?
Antes de discutirmos a questão específica do tipo de conta, vantagens e desvantagens de cada alternativa, preciso reforçar algo óbvio (e poderoso) sobre casamento e dinheiro: formar uma família não é apenas um contrato, mas uma promessa.
Um casamento bem-sucedido não se baseia no que você e seu cônjuge sabem que terão que fazer, mas nas muitas novas (desconhecidas) escolhas, decisões e frustrações que ambos prometeram tomar e suportar quando disseram “Sim” um ao outro.
Por que perder tempo com uma introdução tão direta assim? Porque o compromisso assumido é muito mais poderoso que o documento assinado, e lidar com o dinheiro no casamento será uma dessas novas áreas repletas de desafios, mudanças de paradigma e novas formas de atuação.
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Conta conjunta ou separada? Conjunta!
Quando tenho a oportunidade de conversar mais profunda e longamente com casais recém-casados, sugiro que experimentem usar uma conta conjunta, mas sem abrir mão das contas individuais, inclusive mantendo suas principais receitas chegando nas contas de sempre de cada um.
O que eu tento mostrar é que há uma nova realidade em curso: a família terá objetivos comuns, prioridades definidas em comum acordo que deverão ser respeitadas e alimentadas por cada cônjuge.
A compra da casa própria, uma reforma, a troca do carro, viajar, tem muita coisa que não vai fazer mais sentido de forma individualizada, mas os recursos (tempo, energia e dinheiro) para alcançar tudo isso sempre virá de cada integrante da família, do pessoal para o coletivo.
A conta conjunta serve como a ponte entre a individualidade de cada ente familiar (não confundir com individualismo) e as metas comuns. Ao passar determinadas quantias de dinheiro para a conta conjunta, cada um contribui para a realização dos objetivos de todos.
Outra vantagem da conta conjunta é justamente a sua função de reunir em um só lugar as despesas de toda a família, o que facilita tanto para visualização/interpretação como para acompanhamento e definição de limites e responsabilidades.
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Conta conjunta ou separada? Separada!
Muitos especialistas são taxativos quanto à necessidade de usar uma conta conjunta. Eu não acho que isso seja essencial, nem tampouco uma premissa para um bom controle financeiro em família. Eu mesmo não uso. Nunca usei.
Uma família é uma nova entidade formada por duas ou mais pessoas, e ela tem demandas que devem ser atendidas. Mas quem é a família senão cada um dos seus integrantes, contando ai sua atividade, tempo, dedicação, dinheiro, cultura, caráter, maturidade e etc., certo?
O raciocínio aqui é simples: pessoas de uma família precisam ser capazes de compreender que suas atitudes individuais e muitas de suas escolhas fazem muita diferença no todo familiar. Se há maturidade suficiente para lidar com as responsabilidades de forma sadia, não há tanta necessidade de conta conjunta.
Ah, mas tal maturidade também não se faz necessária no caso de quem vai manter o controle através da conta conjunta? Claro que sim, acontece que o fato de uma conta ser acessada e movimentada por mais de uma pessoa já pressupõe mais cuidado por parte de cada cônjuge.
No caso das contas separadas, talvez exista uma maior facilidade no dia a dia, pois nada mudou em relação à vida antes do casamento, mas o mesmo fator precisa ser levado em conta: os objetivos familiares precisam ser respeitados e alcançados, só que agora cada um vai dar uma parte.
As definições acontecerão do mesmo jeito que no dia a dia da conta conjunta, mas a diferença aqui é que o compromisso não resultará em uma movimentação única, mas no uso do dinheiro de acordo com o combinado a partir das contas de cada cônjuge.
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Conta conjunta ou separada? Tanto faz!
O mais importante é o controle financeiro alinhado ao padrão de vida da família, podendo a conta conjunta fazer mais sentido se o fato de centralizar os recursos facilitar alguma coisa. Do contrário, se o dinheiro continuar a ser usado a partir da conta individual de forma a respeitar o que foi definido para todos, tudo bem.
- De onde o dinheiro vai sair para comprar o que a família quer ou precisa?
- Quem vai realmente pagar/assinar o cheque?
- Quem será o responsável por lançar no controle financeiro as entradas e saídas no fluxo de caixa?
O que importa é reunir a família periodicamente para dialogar, definir responsabilidades e configurar limites financeiros. Depois disso, vem o dia a dia, em que cabe a cada um executar o combinado em cada reunião familiar. O resultado será o bem de todos, com a individualidade preservada.
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Conclusão
Não adianta depositar sua confiança na conta conjunta se você e sua família não trabalharem o mais importante: a promessa feita quando vocês decidiram se casar (ou viver juntos). De novo, a promessa é mais importante que o contrato em si e isso nem sempre é fácil de compreender.
Passe mais tempo conversando sobre as metas financeiras da família que discutindo sobre os gastos individuais e esse comportamento certamente mudará a forma de lidar com os objetivos comuns. Muitas vezes, ninguém se compromete porque a vida a dois acaba se parecendo com a vida em república – e a culpa é dos cônjuges.