O Ibovespa (IBOV) já pode ter iniciado um movimento de realização do rali superior a 13% em 2023, caso confirme a perda de um patamar importante dos 120.700, avalia um analista da Ágora Investimentos.
Às 11:33, o Ibovespa caía 0,64 %, a 120.475 pontos. O volume financeiro somava R$ 3,45 bilhões. No mesmo horário, o contrato futuro do Ibovespa com vencimento mais curto, em 16 de agosto, cedia 0,2%, a 121.390 pontos.
Os mercados estão movimentados com a expectativa do início do ciclo de cortes na Selic após o fechamento de hoje.
O consenso aponta para uma redução de 13,75% para 13,50%, porém uma queda de 0,50 ponto percentual não é descartada, segundo os mercados de juros futuros.
Além disso, uma pesquisa da Reuters com 46 economistas mostrou que 36 esperam que o Banco Central cortará os juros básicos em 0,25 ponto, enquanto dez aguardam uma queda de 0,50 ponto. Na curva de DI, também não há consenso sobre o resultado da reunião
Correção
O analista da Ágora Investimentos, Maurício Camargo, observa uma tendência neutra para o Ibovespa no curto prazo, com o índice ensaiando uma formação de topo na região dos 122 mil pontos, após novamente respeitar esta resistência.
“Já pode ter iniciado um movimento de correção que será confirmado com a perda dos 120.700 e neste caso, o índice seguiria em direção aos 118.200, última defesa antes de entrar em tendência de baixa”, avalia.
Do lado superior, apenas a quebra convincente da resistência liberaria o Ibovespa para retomada do viés positivo, explica.
EUA
Os principais índices de Wall Street abriram em baixa nesta quarta-feira após a decisão surpresa da agência de classificação de risco Fitch de rebaixar a recomendação de crédito do governo dos Estados Unidos, afetando o apetite por ativos de risco.
A medida provocou uma resposta irritada da Casa Branca e surpreendeu os investidores, apesar da resolução há dois meses de uma crise do teto da dívida.
“A mudança foi resultado da piora do risco fiscal após a crise da dívida no primeiro semestre deste ano”, disse a Guide Investimentos em nota a clientes. “Na época já havia a preocupação de uma revisão por parte das agências de rating, e o mercado já estava precificando boa parte deste risco. Por isso, acreditamos que um impacto prolongado nos ativos de risco não deve ocorrer”, completou.
No exterior, o norte-americano S&P 500 cedia 0,85%, depois que a Fitch rebaixou o rating dos EUA para AA+, de AAA, citando a deterioração fiscal nos próximos três anos, bem como um crescente fardo da dívida do governo geral.
Ásia
As ações da China e de Hong Kong recuaram após uma recente alta impulsionada por expectativas de estímulo, já que alguns investidores registraram lucros na ausência de medidas concretas de Pequim para sustentar a economia.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, fechou em queda de 0,7%, enquanto o índice de Xangai caiu 0,89%. O índice Hang Seng, de Hong Kong, teve baixa de 2,47%, em seu pior dia em quase quatro semanas.
As ações da China e de Hong Kong se recuperaram acentuadamente desde a reunião do Politburo de 24 de julho, onde os principais líderes chineses prometeram intensificar o apoio à economia em meio a uma tortuosa recuperação pós-Covid.
Mas o rali parece estar perdendo força, já que as medidas anunciadas até agora para estimular o consumo, reavivar os mercados de capitais e ajudar o setor imobiliário são consideradas vagas ou brandas demais.
Destaques corporativos
CIELO (CIEL3) recuava 6,6%, a 4,39 reais, após reportar lucro líquido de 708,5 milhões de reais no segundo trimestre deste ano, alta de 11,5% frente ao mesmo período do ano anterior, diante de elevação de receitas, queda nas despesas e efeito contábil positivo por reversão de provisões. Analistas do Itaú BBA, porém, consideraram o resultado do segundo trimestre fraco e acrescentaram que aumentam as preocupações sobre volumes e dinâmica de custos à frente. Em teleconferência sobre o resultado, o presidente da maior empresa de meios de pagamentos do país disse que a Cielo está focada em encontrar formas de ganhar maiores volumes de transações, mas de forma rentável.
PETROBRAS (PETR4) perdia 1,37%, a 30,18 reais, em sessão de fraqueza dos preços do petróleo no exterior e ainda afetada por especulações envolvendo os preços dos combustíveis. O presidente da companhia, Jean Paul Prates, disse que apresentou na terça-feira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um panorama geral sobre os seis meses de sua gestão e planos para o futuro da empresa, e acrescentou que não tratou sobre preços de combustíveis. A petrolífera divulga na quinta-feira seu resultado do segundo trimestre.
VALE (VALE3) recuava 1,09%, a 67,46 reais, conforme os futuros do minério de ferro recuaram na Ásia. O contrato mais negociado em Dalian, na China, caiu 1,07%, enquanto o minério de ferro de referência em Cingapura recuou 1,35%, para 104,6 dólares a tonelada. No setor de mineração e siderurgia, CSN ON perdia 2,26% antes da divulgação do balanço do segundo trimestre nesta quarta-feira, após o fechamento do mercado.
AZUL (AZUL4) recuava 2,54%, a 17,26 reais, tendo como pano de fundo anúncio da Latam Airlines de que realizou nesta quarta-feira o primeiro voo associado à sua joint venture com a norte-americana Delta no mercado brasileiro, inaugurando a rota entre o aeroporto de Guarulhos (SP) e Los Angeles, nos Estados Unidos. Além disso, a Petrobras elevou em 4,3% o preço médio do querosene de aviação (QAV) para as distribuidoras desde a terça-feira. GOL PN mostrava declínio de 1,26%.
EZTEC (EZTC3) valorizava-se 2,77%, a 22,65 reais, acompanhada de perto por CYRELA ON, que subia 0,81%.
COGNA (COGN3) – tinha elevação de 2,41%, a 3,4 reais, em meio a perspectivas favoráveis para o resultado do segundo trimestre, que será conhecido na próxima semana. Analistas do Itaú BBA esperam novo crescimento na receita líquida, bem como manutenção da tendência positiva em termos de rentabilidade. No setor, YDUQS ON avançava 0,81%.
AMBEV (AMBV3) subia 1,34%, a 15,17 reais, tendo no radar a apresentação do balanço da fabricante de bebidas na quinta-feira, antes da abertura do mercado. A equipe da Genial Investimentos espera um resultado mediano para a companhia, com o principal destaque positivo vindo da operação Cerveja Brasil, e os principais destaques negativos oriundos da Argentina e do Canadá. “Embora enxerguemos ventos favoráveis para os próximos trimestres, ainda vemos pouco upside em relação ao preço de tela atual, e estamos monitorando os eventuais impactos da implementação do denominado Imposto Seletivo, presente na Reforma Tributária”, afirmaram.
DEXCO (DXCO3) caía 2,37%, a 8,24reais, antes da divulgação das demonstrações financeiras do período de abril a junho nesta quarta-feira, após o fechamento do mercado.
VIA (VIIA3) cedia 0,94%, a 2,1 reais, no segundo pregão seguido de queda. Analistas do Citi atualizaram o modelo para a varejista antes da divulgação do balanço do segundo trimestre, adotando uma abordagem mais conservadora em relação ao crescimento online após números piores do que o esperado nos primeiros três meses do ano. Também incorporaram maiores despesas financeiras, que refletem principalmente a premissa de desconto de recebíveis. Eles reiteraram recomendação neutra/alto risco para as ações, mas cortaram o preço-alvo de 2,40 para 2,30 reais. Também reduziram previsões de Ebitda e margem Ebitda para 2023 e 2024. No setor, MAGAZINE LUIZA ON caía 0,29%.
ENEVA (ENEV3) avançava 1,05%, a 13,5 reais, após declaração do diretor financeiro da companhia, Marcelo Habibe, de que a empresa teria interesse em negociar uma potencial parceria com a Petrobras em ativos como o Polo Bahia Terra, a depender das condições que fossem propostas. O executivo disse ainda que a companhia está avançando com o processo de atração de um sócio para desenvolver seus parques de geração de energia renovável, tendo convidado alguns interessados para conhecer os ativos e o plano de negócios.
BRADESCO (BBDC4) tinha variação negativa de 0,02%, a 16,6 reais, também tendo no radar o resultado do segundo trimestre nesta semana, enquanto ITAÚ UNIBANCO PN cedia 0,42%.
(Com Reuters)