O Ibovespa (IBOV) recuava nesta segunda-feira, com as ações da Vale em queda na esteira do declínio dos futuros do minério de ferro na China, enquanto agentes do mercado financeiro analisam novo aumento das previsões para a Selic no final do ano e aguardam dados relevantes do mercado de trabalho norte-americano previstos na semana.
Às 11h10, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, tinha variação negativa de 0,35%, a 121.669,41 pontos, após flertar com território positivo mais cedo, quando tocou 122.327,69 pontos. O volume financeiro somava 2,18 bilhões de reais.
No Brasil, pesquisa Focus realizada pelo Banco Central com economistas mostrou que eles passaram a ver apenas mais um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros em 2024, que deve terminar com a Selic a 10,25%. Para 2025, passou de 9% para 9,18%, conforme a mediana das projeções.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reúne-se em 18 e 19 de junho para decidir sobre a taxa, atualmente em 10,5%.
A nova mudança nas projeções para Selic, acompanhada de piora nas estimativas para a inflação medida pelo IPCA, reverberou na curva de DI, que mostrava alta apesar do alívio nos rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano, enfraquecendo ações sensíveis a juros na bolsa paulista.
No exterior, o foco está voltado principalmente para dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos previstos para os próximos dias, incluindo o “payroll” na sexta-feira.
Para economistas do Bradesco, esses dados de sexta-feira poderão dar mais convicção para as expectativas — renovadas após resultados recentes da economia norte-americana — de que o corte de juros pelo Federal Reserve poderá ocorrer ainda neste ano, conforme relatório a clientes.
Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, subia 0,3%.
“A reunião do Fed no final deste mês será o foco principal dos investidores, com as ações de crescimento podendo ser afetadas por movimentos nas taxas de juro”, destacou equipe da Avenue em relatório, também chamando a ação para uma “primeira semana de junho repleta de dados econômicos”.
Em sua carteira recomendada para o mês, estrategistas do BTG Pactual afirmaram que, depois de mais um desempenho fraco em maio, ainda acreditam que o Ibovespa está muito barato e que já precifica perspectivas fiscais piores no Brasil e cortes mais lentos e menores nas taxas de juros dos EUA.
“Não vislumbramos nenhum catalisador doméstico relevante, mas acreditamos que uma melhora nas perspectivas de corte de juros nos EUA pode ser suficiente para desencadear uma performance melhor”, afirmaram Carlos Sequeira e equipe em relatório enviado a clientes.
Destaques
Vale (VALE3) recuava 1,55%, contaminada pelo declínio dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou o dia com perda de 2,65%, a 843,5 iuanes (116,42 dólares) a tonelada, o menor valor desde 17 de abril.
Petrobras (PETR4) cedia 0,31%, em meio à fraqueza dos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent negociado em baixa de 1,44%.
Itaú Unibanco (ITUB4) mostrava acréscimo de 0,4% e Bradesco (BBDC4) mostrava alta de 0,32%. No setor, BTG Pactual (BPAC11) valorizava-se 0,73% após anúncio no final da semana passada de que se comprometeu a comprar o controle acionário do Banco Nacional.
Rede D’Or (RDOR3) caía 2,55%, em meio à atualização do guidance de expansão, com o JPMorgan destacando a falta de detalhes do plano e a empresa estar espaçando novamente sua entrega de crescimento, alimentando a tese de que o mercado não é suficientemente grande para os planos de expansão do grupo.
LWSA (LWSA3) saltava 7,62%, tendo no radar que conselho de administração da empresa de tecnologia aprovar a recompra de cerca de até 31 milhões de ações, equivalente a 7,36% do total de ações em circulação no mercado. O prazo do programa é de 18 meses.
Embraer (EMBR3) subia 1,99%, em meio a expectativas relacionadas a entregas, enquanto o BTG Pactual incluiu os papéis na sua carteira recomendada para junho.
Dasa (DASA3) disparava 7,02% tendo de pano de fundo nota do colunista de O Globo Lauro Jardim, citando uma pessoa envolvida diretamente na transação, de que uma potencial fusão dos hospitais da empresa com os da Amil “ou fecha até sexta-feira ou, possivelmente, a transação morre”.
Gol (GOLL4), que não está no Ibovespa, rondava a estabilidade, após reportar na sexta-feira prejuízo líquido de 395 milhões de reais em abril. Em paralelo, a empresa anunciou que o conselho de administração aprovou a eleição de Eduardo Guardiano Leme Gotilla como novo CFO da companhia.