A bolsa paulista mostrava fraqueza nesta segunda-feira, conforme agentes continuam ajustando modelos para um cenário de juros altos por mais tempo, enquanto Braskem disparava após decisão judicial de que a Novonor deve indenizar a petroquímica.
Às 10h07, o Ibovespa recuava 0,29%, a 127.793,63 pontos. O volume financeiro somava 3,6 bilhões de reais.
Estrategistas do Santander cortaram a previsão para o Ibovespa para 145 mil ante 160 mil pontos no final do ano, vislumbrando um nova era de crescimento mais forte e taxas de juros mais elevadas.
Entre os argumentos, os analistas destacaram que fatos recentes sugerem que a inflação nos Estados Unidos pode não estar desacelerando, o que poderia afetar os planos do Federal Reserve de cortar os juros neste ano.
A mudança nas perspectivas para a política monetária nos EUA é o principal componente para os ajustes nas apostas como fez o Santander, mas o Brasil também tem visto alteração nas previsões relacionadas à Selic, atualmente em 10,50% ao ano.
Pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira mostrou nova alta na mediana das previsões para a taxa básica de juros brasileira no final do ano, que agora é de 10% ante 9,75% no levantamento anterior.
De acordo com análise gráfica da equipe do BB Investimentos, embora o Ibovespa tenha apresentado uma leve alta na última semana, ainda mostra formações associadas a períodos de indefinição e reversão
“As médias apontam um viés comprador para a bolsa, mas o mercado ainda monitora a acomodação das expectativas de inflação no longo prazo, balizadores da condução de política monetária pelo Copom”, afirmou em nota a clientes.
Destaques
Braskem (BRKM5) disparava 5,52%, após a Justiça de São Paulo dar ganho de causa para um pedido de acionistas minoritários que cobram que a petroquímica seja ressarcida pela Novonor por abuso de poder de controle. A ação soma cerca de 5,5 bilhões de reais, sem considerar juros, correção monetária e outras custas.
Petrobras (PETR4) subia 0,49%, experimentando uma trégua após uma semana bastante negativa, em que acumulou um declínio de quase 12%, na esteira do anúncio de saída do presidente-executivo, que trouxe preocupações sobre ingerência política na estatal.
Vale (VALE3) cedia 0,23%, mesmo com o avanço dos preços futuros de minério de ferro na China, ainda embalados por medidas de apoio ao setor imobiliário. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) fechou em alta de 1,1%, a 894,50 iuans (123,72 dólares) por tonelada.
Itaú Unibanco (ITUB4) tinha variação negativa de 0,12%, enquanto Bradesco (BBDC4) mostrava declínio de 0,67%.
IRB (IRBR3) caía 3,69%, refletindo ajustes, após forte valorização no final da semana passada — embora na sexta-feira já tenha terminado o dia distante das máximas da sessão.
3R Petroleum (RRRP3)perdia 2,38%, com agentes ainda analisando o acordo de fusão da companhia com a Enauta, que prevê a incorporação da segunda pela primeira, formando uma companhia de petróleo com “alto” potencial de crescimento nos próximos anos.
Suzano (SUZB3) subia 1,55%, tendo no radar que seu conselho de administração aprovou na última sexta-feira emissão de 5,9 bilhões de reais em debêntures, com boa parte dos recursos destinada a refinanciamento e alongamento do perfil de endividamento.