A agência de classificação de risco Fitch elevou a nota do Brasil de BB- para BB nesta quarta-feira (26), primeira movimentação positiva realizada desde 2018, quando houve o rebaixamento para BB-, ainda na administração de Michel Temer. A perspectiva é estável.
A Standard & Poor’s classifica a dívida externa de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil em BB- (perspectiva positiva) a três degraus abaixo do grau de investimento), enquanto a Fitch (BB) e a Moody’s (Ba2) estão agora dois degraus abaixo do grau de investimentos.
Perspectiva | Moeda Estrangeira | Moeda Local | Agência | Última Alteração |
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Estável | BB | BB | Fitch | 26/07/2023 |
Positiva | BB- | BB- | Standard & Poor’s | 16/06/2023 |
Estável | Ba2 | Ba2 | Moody’s | 12/04/2022 |
Estável | BBB- | BBB | JCR | 09/11/2020 |
Negativa | BBB- | BBB- | R&I | 07/10/2021 |
Estável | BB (low) | BB (low) | DBRS | 03/09/2021 |
Segundo o time de análise composto por Todd Martinez, Shelly Shetty e Richard Francis, a elevação reflete um desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado em meio a sucessivos choques nos últimos anos, políticas proativas e reformas.
Mas os pontos positivos param por aí. A Fitch pede que as melhorias continuem, apesar de o “novo governo esquerdista de Lula defender um afastamento da agenda econômica liberal dos governos anteriores”.
Um dos pontos levantados é a posição fiscal, que está se deteriorando em 2023 após uma melhora anterior. A Fitch, contudo, espera que novas regras fiscais e medidas tributárias ancorem uma consolidação gradual e projeta que a dívida/PIB aumente, mas em um ritmo mais lento e a partir de um ponto de partida muito melhor do que o previsto anteriormente.
Ou seja, boa parte da melhora se deu com base na mudança do pessimismo anterior da agência sobre a atual administração, e não totalmente nos melhores números da economia, principalmente na trajetória da dívida em relação ao PIB.
A dívida do governo geral caiu para 72,9% do PIB em 2022, ainda acima da mediana “BB” de 56%, mas abaixo do nível pré-pandêmico de 2019, e hoje está em 73,6%.
Para Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, a notícia mostrou uma evolução positiva, mas uma enorme lição de casa.
“Em nossa avaliação, subir as classificações e finalmente recuperar o status de grau de investimento exigiria reformas decisivas e políticas macro, micro e regulatórias que apoiem o investimento e promovam o crescimento da produtividade (ou seja, elevem o atual modesto potencial de crescimento real do PIB) e estabilizem a dinâmica da dívida ainda ascendente”, aponta.
A agência de classificação de risco projeta, ainda, o crescimento do PIB real em 2,3% em 2023 (antes se esperava 0,7%) e a convergência para um ritmo de tendência de 2% ao ano, a médio prazo. A projeção da Fitch é menor do que a esperada pelas autoridades brasileiras (2,6%). A Fitch justifica a projeção menor por “ainda não estar claro se eles podem avançar uma agenda econômica forte o suficiente para conseguir isso”.