Você já deve ter lido em algum momento sobre aquelas histórias extraordinárias que fazem com que gente “comum” se torne herói aos olhos dos outros.
São coisas que não costumam acontecer toda hora, mas quando acontecem, mostram a força muito maior do que a imaginável que cada ser humano tem dentro de si. Vou citar dois exemplos que saíram na imprensa:
Em julho de 1996, uma família brasileira passeava em um parque em Miami quando o filho, de 7 anos, caiu em um pântano e foi atacado por um crocodilo. “Meu marido se jogou no canal e conseguiu manter a boca do crocodilo aberta, impedindo que ele mergulhasse com o menino. Eu pulei logo em seguida. Não sabia o que fazer e acabei enfiando a mão na boca do crocodilo. Então, ele soltou meu filho”, contou na época Maria Odete Teixeira, mãe do garoto.
Em janeiro de 2009, o voo 1549 da US Airways apresentou problemas e perdeu os dois motores logo após a decolagem. O piloto Chelly Sullenberger conseguiu salvar a vida de todos a bordo ao manter a calma e fazer o que pareceu ser a única tentativa certa no momento: pousar um Airbus no rio Hudson. A história virou até filme.
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Pessoas, mostrando força em momentos fundamentais
O que será que moveu essas pessoas a agirem assim? Provavelmente a necessidade de ter que agir sem tempo para pensar ou lamentar ajudou. Era agir na hora, mesmo com todo medo que pudesse haver, ou nunca mais, certo?
E talvez, se tivessem pensado em eventuais consequências, os resultados pudessem ter sido completamente diferentes e trágicos. Será que não temos que agir assim mais vezes na vida?
Resolvi falar sobre força neste artigo porque nas últimas semanas este tem sido um tema comum. Quem me conhece, sabe o quanto prezo uma vida equilibrada.
Sempre falo da importância de reconhecermos que uma vida rica vai muito além de dinheiro, e que é necessário achar tempo para o autoconhecimento, as pessoas que amamos e outras coisas essenciais. Como eu não vinha conseguindo fazer isso direito, comecei a ficar bem incomodada.
Porém, o incômodo me levou à outra análise de extrema importância: Nem sempre – aliás, quase nunca – teremos controle sobre os acontecimentos. Isso significa que, por mais equilíbrio que uma pessoa tente buscar, haverá fases ou momentos que ele será inexistente. E aí, como lidar? Desistir e mudar o rumo ou enfrentar o que precisa ser enfrentado para conhecer esta tal “força humana” que há dentro de nós e nem sempre sabemos?
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Precisamos trabalhar o antifrágil em nós
Um amigo querido disse acreditar que em momentos assim precisamos trabalhar melhor nosso lado antifrágil. Tendemos a trabalhar tanto o equilíbrio que nos esquecemos que, quando ele não existe, também há uma parte em nós que precisa ser cuidada e desenvolvida. Ou seja, trata-se de aproveitar determinados eventos que parecem longe de ser desejáveis, para conseguir algum progresso emocional.
Na teoria, aliás, o conceito “antifrágil”, voltado mais a questão dos investimentos, foi desenvolvido pelo famoso Nassim Nicholas Taleb.
No livro “Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos”, ele tentou mostrar que a resiliência no caos nos torna mais preparados em qualquer situação. E como negar? E diz que investimentos antifrágeis conseguem até se beneficiar do caos para possibilitar rendimentos.
Veja bem, se até investimentos podem conseguir se beneficiar, por que não nós? Será que não podemos pensar desta forma quando não houver outro jeito?
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O medo existe, mas o que fazer com ele?
A coach Mel Robbins costuma dizer que em muitas situações o medo vai existir. Podemos ter medo de falar em público, podemos ter medo de não dar conta de determinadas questões, podemos ter medo de fracassar, de não conquistar o que nos propomos.
Sim, o medo existe e vai continuar existindo. A questão principal não é deter o medo, é saber como agir mesmo com medo, pois as nossas ações são as únicas coisas que controlamos nesta vida.
Você já passou por situações assim? Ou ao menos já conheceu casos onde a resposta para a pergunta: “Como você teve coragem?” foi algo como: “Não tive outra escolha”? Pois bem, escrevi este artigo para lembrar que em alguns momentos teremos que ir além da coragem desejada para conseguir dar conta daquilo que a vida nos pede. Tenho observado isso na prática e, apesar de muito cansativo às vezes, acredito que sempre há um propósito nestas coisas.
A vantagem óbvia é que dali um tempo, depois que a situação passou (porque sempre passa, lembre-se que tudo é mutável) provavelmente teremos descoberto um lado muito mais forte do que aquele que pensávamos existir em nós.
E se os cientistas costumam dizer que só usamos um percentual mínimo de nosso cérebro, por que não pensar o mesmo de nossa força? Eu acredito nisso, e você? Vamos juntos!