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Qual o papel da Primeira-Dama?

Sua presença em eventos oficiais e internacionais ajuda a reforçar a diplomacia e o prestígio do país no cenário global

por André Torres
3 min leitura
Congresso, Primeira-Dama, política

A posição de primeira-dama, ocupada pela esposa de um presidente da República, tem uma história carregada de simbolismo, expectativa social e, em muitos casos, influência política.

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Embora o cargo não tenha uma definição oficial na Constituição ou qualquer vínculo formal com a estrutura governamental, a figura da primeira-dama desempenha um papel importante no cenário político e social de um país, com atribuições que variam conforme o perfil individual e o contexto político de cada gestão.

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Origem e significado do título

O termo “primeira-dama” surgiu nos Estados Unidos no século XIX e foi progressivamente adotado por outras nações.

No Brasil, o título remonta ao período republicano, com a esposa do primeiro presidente, Deodoro da Fonseca, sendo reconhecida como uma figura pública de destaque.

Desde então, cada primeira-dama brasileira contribuiu para moldar o papel, ora como símbolo de tradição familiar, ora como agente ativa em campanhas sociais e políticas.

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Atribuições tradicionais

Historicamente, a primeira-dama é vista como uma representante da imagem pública da presidência. Frequentemente, ela desempenha funções protocolares, como acompanhar o presidente em viagens oficiais, recepções e cerimônias, além de atuar como anfitriã no Palácio da Alvorada ou do Planalto.

Sua presença em eventos oficiais e internacionais ajuda a reforçar a diplomacia e o prestígio do país no cenário global.

No entanto, a atuação da primeira-dama vai além das formalidades. Muitas assumem o papel de liderar ou apoiar projetos sociais, frequentemente focados em áreas como saúde, educação e assistência a populações vulneráveis.

Essa é uma forma de consolidar uma imagem de sensibilidade e comprometimento com causas humanitárias, mesmo que a ação não esteja vinculada diretamente à gestão pública.

Primeiras-Damas ativas no Brasil

Ao longo da história brasileira, muitas primeiras-damas se destacaram pelo engajamento em causas sociais. Darcy Vargas, esposa de Getúlio Vargas, fundou a Legião Brasileira de Assistência (LBA), entidade voltada à proteção de mães e crianças.

Sarah Kubitschek, por sua vez, ficou conhecida pelo trabalho em prol de comunidades carentes, simbolizando o humanismo da era desenvolvimentista.

Ruth Cardoso, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, trouxe uma abordagem inovadora ao fundar o programa Comunidade Solidária, que buscava articular esforços entre governo, sociedade civil e iniciativa privada para enfrentar a pobreza.

Com formação acadêmica sólida e uma carreira própria, Ruth simbolizou a transição para um perfil mais moderno e independente de primeira-dama.

Mais recentemente, Michelle Bolsonaro, esposa de Jair Bolsonaro, destacou-se pelo trabalho com a comunidade surda e a promoção da inclusão de pessoas com deficiência, utilizando a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como uma de suas principais ferramentas de comunicação.

Limites e críticas ao papel

Embora muitas primeiras-damas sejam admiradas por suas contribuições, o papel também é alvo de críticas.

Por não ser uma posição oficial, a atuação da primeira-dama pode levantar questionamentos éticos, especialmente quando seus projetos envolvem recursos públicos ou influenciam políticas de governo.

Por exemplo, a LBA, fundada por Darcy Vargas, foi extinta em 1995, em meio a denúncias de corrupção e má gestão.

Além disso, o uso de programas sociais por primeiras-damas para fins políticos é frequentemente criticado, levantando dúvidas sobre a separação entre a esfera pública e privada.

Congresso, Primeira-Dama, política
(Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Outro ponto de debate é a expectativa de gênero que o título carrega. O papel da primeira-dama muitas vezes reforça estereótipos de gênero, ao associar a mulher do presidente exclusivamente a tarefas de cuidado e suporte, em detrimento de sua autonomia e carreira.

Em contextos onde o presidente é uma mulher ou não tem uma esposa, como ocorreu com Dilma Rousseff, a ausência de uma primeira-dama tradicional também evidenciou a fluidez e a dependência cultural desse papel.

A Evolução do Papel no Século XXI

No século XXI, o papel da primeira-dama está em transformação. O maior protagonismo das mulheres na política e na sociedade desafia os moldes tradicionais desse título.

Primeiras-damas com carreiras próprias e agendas políticas mais autônomas representam uma mudança significativa.

Essa modernização também se reflete em novas dinâmicas familiares. Em alguns países, a figura do “primeiro-cavalheiro”, marido de uma chefe de Estado, ganhou destaque, como ocorreu com Philip May, esposo da ex-primeira-ministra britânica Theresa May.

O mesmo poderá ocorrer no Brasil se um dia uma mulher presidente for casada.

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