O Ibovespa (IBOV) hesitava nesta terça-feira, após cinco altas seguidas, com a pauta local destacando a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que mostrou a instituição defendendo a atuação firme para reancoragem das expectativas de inflação e enxergando juros neutros mais altos.
Por volta de 11h, o Ibovespa cedia 0,15%, a 122.457,26 pontos, após acumular um ganho de quase 3% nas cinco sessões anteriores. O volume financeiro somava 2,79 bilhões de reais.
Na ata referente ao encontro da semana passada, quando a Selic foi mantida de forma unânime em 10,50% ao ano, o Copom apresentou um cenário mais desafiador para a política monetária ao estimar uma redução na ociosidade da economia e elevar a hipótese de taxa de juros real neutra, de 4,5% para 4,75%.
O Copom também reforçou no documento, divulgado nesta terça-feira, que sua diretoria avalia, de forma unânime, que se deve perseguir a reancoragem das expectativas de inflação independentemente de quais sejam as fontes por trás da desancoragem.
“Na nossa avaliação, a janela de oportunidade para retomar o ciclo de flexibilização (da taxa de juros) provavelmente não se abrirá, ceteris paribus (tudo mais constante), até aproximadamente meados de 2025”, afirmou o diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório a clientes.
Em videoconferência promovida pela Warren, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que a autarquia tem ferramentas para buscar e alcançar a meta de inflação e vai usá-las, acrescentando que se as coisas piorarem o BC vai reagir — assim como se melhorarem.
Ele também afirmou que o BC tem meta de inflação que “não se discute, se cumpre”.
No exterior, Wall Street tinha uma sessão mista, com alta do Nasdaq e do S&P 500, mas queda do Dow Jones, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos Estados Unidos marcava 4,2496%, de 4,248% na véspera.
Análise gráfica da equipe da Ágora Investimentos destacou que “o Ibovespa confirmou a quinta alta consecutiva (na véspera) e testa a região dos 122.900 pontos como resistência, ainda mantendo uma leitura de correção no médio prazo”, conforme relatório enviado a clientes.
“Em caso de rompimento, o próximo alvo se encontra nos 124.200, enquanto o suporte consolidado permanece nos 120.500 pontos”, acrescentou.
Destaques
Vale (VALE3) perdia 0,33%, mesmo tendo como pano de fundo alguma recuperação do futuros do minério de ferro durante a sessão na China, com o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian terminando em 801 iuanes por tonelada, após marcar 791 iuanes.
Petrobras (PETR4) cedia 0,67%, após seis altas consecutivas, em meio à fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent era negociado em baixa de 0,35%.
Itaú Unibanco (ITUB4) subia 0,49%, sendo um contrapeso positivo relevante, enquanto Bradesco (BBDC4) perdia 0,56%. Banco do Brasil (BBAS3) tinha decréscimo de 0,19% e Santander (SANB11) caía 1,21%.
Cogna (COGN3) valorizava-se 1,69%. A companhia de educação anunciou mais cedo o resgate antecipado facultativo total das debêntures da 6ª emissão.
Magazine Luiza (MGLU3) recuava 1,48%, em dia de ajustes, após disparar mais de 12% na véspera na esteira de acordo com o grupo chinês Alibaba, pelo qual venderá produtos de seu estoque próprio na plataforma do Aliexpress, que também passa a atuar como seller do marketplace do Magazine Luiza (3P).
Multiplan (MULT3) era negociada em baixa de 1,13% após divulgar que foi notificada sobre a intenção da Ontario Inc (OTPP), acionista que detém cerca de 18,52% das ações da companhia, de vender toda sua participação na empresa.
Frasle Mobility (FRAS3), que não faz parte do Ibovespa, avançava 5,96%, um dia após anunciar a aquisição de ativos do Grupo Kuo, do México, por 2,1 bilhões de reais, na maior transação da história da empresa. Randon (RAPT4), controladora da Frasle, subia 4,15%.