O dólar (USDBLR) à vista voltou a ser cotado abaixo dos 4,90 reais, com a moeda norte-americana fechando a sexta-feira em baixa no Brasil após comentários do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a inflação nos Estados Unidos, que foram considerados amenos pelo mercado financeiro.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8813 reais na venda, em baixa de 0,69%. Na semana, a moeda acumulou baixa de 0,36%.
Na B3, às 17:13 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,06%, a 4,8915 reais.
Pela manhã, o dólar oscilava em alta ante o real a despeito de, no exterior, a divisa dos EUA ceder ante boa parte das demais moedas.
Às 11h04, o dólar à vista marcou a cotação máxima de 4,9388 reais (+0,48%), com investidores aguardando a participação de Powell em evento, a partir das 13h.
Antes mesmo disso, o dólar começou a se enfraquecer ante o real, em meio a comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em São Paulo.
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Campos Neto afirmou que as expectativas de inflação implícitas nas operações do mercado mostraram uma pequena melhora. Porém, conforme o presidente do BC, com as variáveis conhecidas hoje, o ritmo de corte de 0,50 ponto percentual da taxa básica Selic segue sendo apropriado. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.
Profissional ouvido pela Reuters pontuou que o comentário de Campos Neto “confirmou” a fala do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento na véspera, quando citou um cenário “mais benigno” para a inflação. Para Galípolo, há atualmente maior pressão do mercado para aceleração dos cortes de juros no Brasil. Porém, ele enfatizou a postura de cautela do BC diante das incertezas.
A perda de força do dólar ante o real se intensificou com os comentários de Powell. O chair do Fed observou que uma medida importante de inflação ficou em média em 2,5% nos seis meses até outubro, perto da meta de 2%, e que está claro que a política monetária nos EUA está desacelerando a economia como esperado, com uma taxa básica “bem em território restritivo”.
Os comentários foram considerados amenos ou dovish, no jargão do mercado e pesaram sobre o dólar em relação às demais divisas, incluindo o real.
“De manhã, as tesourarias de bancos aproveitaram para recompor posições (compradas) no mercado, porque acreditam que neste mês ainda haverá bastante saída de dólares. Assim, o dólar trabalhou em alta, mesmo com a divisa fraca lá fora”, comentou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.

“Depois que o Powell falou, ocorreu uma acelerada da queda do dólar lá fora, e no Brasil a moeda se firmou em baixa”, acrescentou.
Às 15h35, já sob efeito da fala de Powell, o dólar à vista marcou a mínima de 4,8683 reais (-0,96%), com as cotações mais em sintonia com o recuo no exterior ante outras divisas fortes e ante moedas de emergentes e exportadores de commodities.
Às 17:13 (de Brasília), o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas caía 0,19%, a 103,250.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de fevereiro.