A bancada do PT na Câmara dos Deputados entrou nesta quarta-feira com uma ação popular na Justiça Federal em Brasília para que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não promova manifestações de cunho político-partidário ou deixe de se pronunciar sobre eventual candidatura enquanto estiver à frente da autoridade monetária.
“(…) Pugna-se pela concessão de medida liminar para determinar que o requerido se abstenha de fazer pronunciamentos de natureza político-partidárias, ou ainda que deixe de pronunciar qualquer apoio a candidatura ou pretensão de ocupação de cargo político, enquanto perdurar o exercício do cargo”, disseram os autores, na ação.
A ação dos parlamentares do PT, liderada pela presidente do partido, a também deputada Gleisi Hoffmann, foi proposta no dia em que o Comitê de Polícia Monetária (Copom) do BC se reúne para decidir se mantém ou altera a taxa básica de juros do país em 10,50%.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aliados pressionam por uma redução da Selic para melhorar as condições econômicas do país.
A ação também ocorre após Lula elevar os ataques a Campos Neto.
O petista disse na véspera, em entrevista à rádio CBN, que o presidente do BC trabalharia para prejudicar o país, sinalizando que indicará um sucessor para o cargo de chefe da autarquia que seja “sério, responsável e imune aos nervosismos momentâneos do mercado”.
Os advogados citam, como base dos pedidos da ação, reportagens em que Campos Neto, indicado para o cargo ainda no governo do presidente Jair Bolsonaro e que tem mandato até o final do ano, teria sinalizado apoio político a uma futura candidatura à Presidência da República do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Outro fato alegado na ação é que Campos Neto teria dito que aceitaria ser ministro da Fazenda caso Tarcísio, que foi ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro, decida entrar na corrida ao Palácio do Planalto.
As notícias, observa a ação, não foram contestadas pelo presidente do BC.
Procurado pela Reuters, o Banco Central não respondeu de imediato a pedido de comentário.