Os juros certamente estão em todos os lugares: no currículo escolar, nas transações bancárias, nas compras a prazo e na macroeconomia.
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Esse é, de fato, um dos conceitos mais básicos quando falamos de dinheiro. Por isso, é essencial que você saiba o que são juros, como funcionam e como eles podem te favorecer.
Muita gente acha que eles sempre são sobre perder, mas isso não é verdade. É possível sim ganhar dinheiro a partir do juro, basta saber investir.
O que são juros?
Em resumo, eles são uma taxa de remuneração paga a partir do empréstimo de dinheiro. Ou seja, quanto mais tempo esse dinheiro emprestado demora a ser devolvido, mais os juros trabalham.
A taxa é sempre determinada a partir de uma porcentagem. Seja ela pré-definida e calculada em cima do valor emprestado ou em cima de uma taxa, como o CDI ou a Taxa Selic.
A conta digital remunerada Grão, por exemplo, rende 100% do CDI, que é a taxa entre os bancos.
Em outras palavras, isso quer dizer que se você tem R$1.000 nela e o CDI estiver a 10% ao ano, o seu dinheiro vai render R$100 em um ano.
No entanto, em alguns financiamentos ou compras parceladas o juro é fixo. Por exemplo: 3% ao mês.
Isso significa que, todos os meses, será acrescentado ao seu saldo devedor o equivalente a 3% do valor.
Se for juros simples, será 3% do valor inicial da compra. Por outro lado, no juro composto, será 3% do valor que ainda falta ser pago. Vamos explicar isso melhor mais a frente.
Selic
A Selic é taxa básica de juros da economia, que regula todos os outros. Ela é definida pelo Banco Central do Brasil durante o Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece a cada 45 dias.
A Selic funciona principalmente para controlar o poder de compra do brasileiro e consequentemente a inflação.
Com taxa básica alta, os empréstimos e as compras a prazo são desfavorecidas. Assim, os empresários e pessoas físicas do Brasil compram menos.
Já quando a Selic está baixa, o comércio é favorecido. Porém, se isso não estiver ajudado à oferta de produtos no mercado, temos inflação.
Dessa forma, a Selic serve exatamente como um equilibrador, uma balança para as taxas vigentes no país.
Como fazer cálculo dos juros?
Para calcular os juros, primeiro você vai precisar saber se eles são simples ou compostos.
Além disso, precisa saber a taxa, o tempo em que o dinheiro ficará emprestado e qual o valor do empréstimo.
Se você tomar um empréstimo, considere como tempo o prazo que lhe foi cedido para devolver o dinheiro. E se for um investimento, considere o tempo de aplicação até o resgate.
Depois, fique atento também à taxa. Ela é mensal ou anual? Se for anual, para saber o juro que você pagará ou receberá por mês, calcule o montante anual e divida por 12.
Já se a taxa for mensal e você quiser saber quanto pagará ou receberá no total, multiplique o resultado dos juros pela quantidade total de meses.
Por exemplo: você descobriu com as fórmulas listadas abaixo que pagará R$5 de juros por mês em um financiamento de 5 anos.
Então, você deve multiplicar 5 por 12 e depois o resultado por 5. Ao total, você pagará R$300 em juros.
Qual a diferença entre juros simples e compostos?
Os simples servem para calcular os encargos que incidem sobre um único valor, portanto, não varia com o tempo.
Uma das maiores utilidades do juros simples é em contratos de empréstimo. Mas vale a pena perguntar na hora de fechar negócio.
Assim, se você pegou R$1000 emprestados, com juros simples de 10% ao mês, pagará o mesmo valor todo mês. Vamos supor que esse seja um empréstimo de 10 meses de prazo:
- R$1000 dividido por 10 meses: R$100
- 10% de 100: R$10
- Valor da parcela: R$110
Por outro lado, os juros compostos implicam sempre em cima do valor final. Sua maior utilização é em investimentos de renda fixa.
Se você investir R$1000 com uma rentabilidade composta de 10% ao mês, seu dinheiro vai render mais a cada mês. Se a data de resgate do investimento for daqui 10 meses, terá:
- Primeiro mês: 10% de R$1000: R$100 de lucro;
- Segundo mês: 10% de R$1100: R$110 de lucro e assim subsequentemente.
Dessa forma, se você tem um investimento com rentabilidade em juros compostos e aplicação mensal, a tendência é gerar uma grande bola de neve. E essa é a lógica por trás dos investimentos de renda fixa de longo prazo.
Juros compostos
Para calcular juros compostos, utilize a seguinte fórmula:
M = C (1+i)t
- M: montante (valor final, com o juro somado);
- C: capital (valor inicial, primeira aplicação);
- i: taxa (valor em formato decimal. Ou seja, se ela for de 3%, use 0,03, para 2%, 0,02, e assim por diante);
- t: tempo da aplicação (se a taxa for ao ano, utiliza o tempo em anos. Se for ao mês, utilize o tempo em meses).
Se preferir, utilize uma calculadora de juros compostos.
Juros simples
Nesse caso, você pode usar as seguintes fórmulas:
Juro = Capital × taxa × tempo (caso a taxa esteja em valor bruto, exemplo: 0,03)
ou
Juro = Capital × taxa × tempo ÷ 100 (caso a taxa esteja em valor decimal, exemplo: 3%)
- Capital: dinheiro que se toma emprestado;
- Taxa: percentual aplicado em cima do dinheiro tomado emprestado;
- Tempo: período em que o saldo deverá ser quitado.
Taxa nominal
Para saber qual é a taxa que você pagará ou receberá, se atente à “taxa nominal” especificada no contrato.
Geralmente, ao fechar um empréstimo, por exemplo, os vendedores só dizem o valor da parcela a ser paga. E também em quanto tempo você deverá pagar.
Dessa forma, o juro pode ficar disfarçado. Se for uma parcela pequena e um longo prazo, você pode achar que é um bom negócio, mas não se engane.
Antes de fechar contrato, saiba exatamente quanto de juros você vai precisar pagar. Utilize as fórmulas que ensinamos acima e, para descobrir a taxa, procure a “taxa nominal”.
Juros nominais é justamente o nome dado ao percentual pago em uma dívida por um determinado período. Ou ainda de rentabilidade recebida por um investimento.
Taxa de juros Banco Central
O Banco Central brasileiro, além de determinar a Taxa Selic, também determina regras para as taxas aplicadas em cada tipo de serviço.
No site do BC você pode encontrar as regras determinadas para cada situação: cartão de crédito, financiamento imobiliário, empréstimo financeiro etc.
Verifique se a instituição que está te oferecendo crédito está seguindo as regras determinadas pelo BC e fuja de juros abusivos.
Além disso, sempre compare os valores de duas ou mais empresas de crédito.
Calculadora Cidadã
Para facilitar a vida de quem precisa lidar com juros de financiamentos e empréstimos, o BC disponibiliza uma calculadora cidadã.
Nela, você consegue calcular gratuitamente as taxas de acordo com os índices mais utilizados para esse fim no Brasil. Basta acessar o site.
Taxa TR
A Taxa Referencial (TR) é uma das taxas que geralmente são utilizadas nas contas de juros. Ela está no cálculo de rentabilidade da poupança, por exemplo.
A TR passou quatro anos zeradas, quanto estávamos com a taxa básica em patamares altos.
Já no começo de 2022, com a Selic acima de 8,5% ao ano, a TR voltou a ser positiva. A projeção da TR para esse ano está entre 0,60% e 0,80% ao ano.
Taxa de juros nos investimentos
Conforme dissemos anteriormente, se o juro é o vilão na hora de tomar crédito, ele se torna seu melhor amigo quando você investe. Principalmente os juros compostos.
Os principais investimentos que são baseados em juros são os de renda fixa, que consiste justamente em emprestar dinheiro.
Você pode emprestar dinheiro para o governo, aplicando no Tesouro Direto, ou para os bancos, por meio dos CDBs.
Também existem papéis de empréstimos para o agronegócio (LCA) e mercado imobiliário (LCI).
Atente-se a qual é a taxa do investimento que você pretende fazer. E, se os juros forem compostos, vale a pena fazer aportes mensais para multiplicar ainda mais rápido o seu dinheiro.
Se você investe em renda variável, preste atenção nas ações que pagam juros sobre capital próprio. Elas entregam rentabilidade baseada em cálculo do juro.
Rendimento poupança
O rendimento da poupança é um bom exemplo de juros compostos. Hoje, com a Selic em 10,75% ao ano, ela rende 0,5% ao mês mais a TR.
Esse cálculo é feito sempre em cima do valor que está na sua conta e não no valor do seu aporte inicial.
Juros sobre capital próprio
Para quem investe em ações na Bolsa, o juros sobre capital próprio é uma forma de distribuição de lucro da empresa aos acionistas.
Assim, você deve calcular os juros indicados pela empresa em cima do valor dela e dividir pela quantidade de cotas de ações.
Juros Futuros
Contratos de investimentos de juros futuros, geralmente chamados de DI, são contratos de compra e venda.
Eles são feitos sobre a perspectiva da taxa de juros no período do início da negociação até uma data futura. Levam em consideração uma data de vencimento estabelecida no contrato.
Assim, você pode lucrar especulando sobre o comportamento da taxa de juros.
Taxa de juros financiamento
As taxas de juros de financiamentos são, talvez, as maiores do mercado. Afinal, geralmente levam muitos anos.
Por isso, antes de fazer um financiamento, é preciso saber qual o custo efetivo total e como a taxa de juros será aplicada ao longo dos meses.
Para isso, atente-se a alguns termos:
- Taxa nominal. São os juros que vêm informados no contrato;
- Taxa real. São os juros nominais corrigidos pela inflação do período;
- Taxa efetiva. É aquela de fato paga. Ou seja, se a taxa efetiva é de 1% ao mês, ela será reajustada em 1% ao mês.
Comparativo no Banco Central
Para saber qual o melhor negócio a se fazer, utilize o comparativo de taxas de juros disponibilizado gratuitamente no site do Banco Central.
Custo Efetivo Total (CET)
O custo efetivo total (CET) é algo muito importante na hora de tomar uma decisão de compra de longo prazo.
Ele mostra quanto você pagará no total, entre valor do produto e juros. Isso evita que você caia em ilusões.
Principalmente para bens de valores maiores, como imóveis e automóveis, é preciso levar o CET em consideração.
Afinal, um apartamento na planta pode parecer barato no preço à vista e no valor das parcelas. Mas talvez você se surpreenda quando souber quanto vai pagar ao final com o acréscimo dos juros.
Juros abusivos
Antes de fechar qualquer contrato, seja de empréstimo, financiamento ou cartão de crédito, sempre compare os juros cobrados.
Compare com outras instituições financeiras e também verifique a tabela de juros recomendada pelo BC. Assim você evita pagar juros abusivos.
Aliás, empresas que cobram juros abusivos podem, inclusive, ser multadas por isso. Se vivenciar um caso como esse, denuncie ao Procon.
Conclusão
Assim como quase tudo na vida, os juros têm seu lado bom e seu lado ruim, tudo depende da perspectiva.
Se você compra a prazo, precisa de um empréstimo ou faz um financiamento, o juros é um vilão. Afinal, ele significa que você está tendo que pagar além do valor do produto à vista.
Já se você investe o seu dinheiro, principalmente em renda fixa, que trabalha com essa lógica de empréstimo, você sai ganhando.
Como diz o ditado, “tempo é dinheiro”, por isso, utilize-o a seu favor, fazendo com que o seu dinheiro renda.
Agora que você sabe tudo sobre o tema, tenho certeza que está muito mais apto a tomar boas decisões financeiras.